domingo, 7 de dezembro de 2008

O Pac-Man destruiu o Golden Boy


Oscar de la Hoya foi um gigante em sua carreira e merecia se aposentar em grande estilo. Mas para isso devia ter escolhido outro adversário. Manny Pacquiao confirmou sua condição de atual melhor lutador do mundo e massacrou o Golden Boy agora há pouco, em Las Vegas. Eu nunca tinha visto uma luta em que De la Hoya tivesse apenas apanhado, nem contra Shane Mosley, Bernard Hopkins, nem contra Floyd Mayweather.

A diferença de altura e de alcance a favor de De la Hoya era visível desde o começo, mas a diferença de velocidade a favor de Pacquiao era ainda mais gritante. Durante todo o combate o filipino se mostrou espetacular, enquanto o americano era ordinário. Nos quatro primeiros assaltos da luta, a cabeça do Golden Boy era um alvo estacionário, enquanto a movimentação do Pac-Man impedia os contra-ataques do adversário e deixava a torcida em êxtase (muitos filipinos moram em Las Vegas).

O quinto foi o melhor assalto de De la Hoya e ainda assim Pacquiao foi superior. O olho direito do americano começou a sangrar. Pacquiao não dava sinais que diminuiria o ritmo, fazendo uma luta perfeita em todos os aspectos. Parecia uma luta entre um aposentado de 50 anos e um campeão mundial com metade da idade.

O sétimo assalto foi provavelmente o pior da carreira de De la Hoya, que sequer esboçava reação diante do massacre que lhe era aplicado. Houve um momento que Pacquiao encurralou De la Hoya no corner e bateu tanto que parecia que o árbitro encerraria o combate. No intervalo do round, seu treinador disse que se não começasse a mandar golpes, jogaria a toalha. O oitavo foi quase uma continuação do anterior. Nem mesmo um soco "achado" poderia salvar De la Hoya, porque ele simplesmente não lançava nenhum golpe minimamente perigoso. Seu corner o convenceu a não voltar para o nono assalto, acabando assim com a punição e decretando a vitória por nocaute técnico para Manny Pacquiao. Oscar de la Hoya andou até o centro do ringue para cumprimentar o adversário, que lhe falou: "Você ainda é meu ídolo". Imediatamente o Golden Boy respondeu: "Você que é o meu". Nas entrevistas depois da luta, o americano aceitou a derrota, não inventou desculpas e apenas se queixou de seu físico, que não é mais o mesmo aos 35 anos.

Para se ter uma idéia do tamanho do massacre, vejam as estatísticas de socos: De La Hoya acertou ridículos 83 golpes em 402 tentados (aproveitamento pífio de 21%); Pacquiao acertou quase o triplo, 224 de 585 (38%). O total de socos fortes foi ainda mais bizarro: De La Hoya acertou 51 de 164 (31%), enquanto Pacquiao disparou 195 petardos de 333 (59%), justificando o apelido de "Little Tyson". Quando a luta foi interrompida depois do oitavo assalto, dois juízes marcavam 80-71 e o terceiro, 79-72 (deve enxergar mal...) a favor do filipino.

Ricky Hatton, campeão mundial dos superleves pela Organização Internacional, que estava presente à luta, deve ter saído preocupado com o futuro. O Pac-Man, detentor do cinturão dos leves, sai de Las Vegas ainda mais fortalecido, ainda mais dono da condição de melhor pound-for-pound da atualidade, mesmo lutando duas divisões acima de seu peso normal. A próxima luta de Pacquiao deve ser contra Hatton.

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