terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Saldo amplamente negativo no UFC 92

O UFC 92, disputado na madrugada de sábado para domingo passado, foi considerado por muitos como o melhor card da história do evento. O octógono montado na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, viu na luta principal Forrest Griffin colocar seu cinturão dos meio-pesados contra o invicto Rashad Evans. Antes, a lenda brasileira Rodrigo "Minotauro" Nogueira também colocou seu cinturão interino dos pesados em jogo contra o ex-campeão Frank Mir. Outro brasileiro, Wanderlei Silva deu a segunda revanche para Quinton "Rampage" Jackson, depois de duas lutas nos ringues do Pride. E o francês Cheick Kongo enfrentou o estreante libanês Mostapha al-Turk.

Wanderlei Silva x Quinton Jackson

Uma das maiores rivalidades do MMA atual teve seu terceiro capítulo no UFC 92. Wand havia massacrado Rampage duas vezes no PRIDE, abusando das joelhadas. Na segunda luta inclusive deixou o adversário pendurado nas cordas. Os lutadores já trocaram empurrões em várias oportunidades e não escondem de ninguém que se odeiam. Na luta de sábado, sequer tocaram luvas no início do combate.

Mas aquilo ficou no passado. Rampage melhorou muito. Wand parece que não tem mais o sangue nos olhos que o caracterizava no PRIDE. Sobrou ainda a velha fúria de cachorro louco, mas que nem sempre é suficiente no MMA atual. Traumatizado com as derrotas brutais, certamente Rampage estudou bastante o estilo de Wand. E assim viu que, quando dispara seus ataques selvagens, o brasileiro parece não cogitar a hipótese de sofrer um contragolpe, pois parte alucinadamente com a guarda totalmente aberta. E aos 3 minutos do primeiro round, Rampage achou a brecha que precisava, encaixando um poderosíssimo cruzado de esquerda por cima da guarda aberta, acertando em cheio no queixo de seu antigo nêmesis, que simplesmente desconectou, caindo desacordado. O negócio ficou tão feio que o brasileiro sequer teve condições de dar entrevista depois da luta, pois ficou cerca de dez minutos estirado na lona em estado precário, recebendo atendimento médico.

Wanderlei precisa tomar uma decisão: ou desiste das lutas de alto nível, principalmente no UFC, que tem a divisão de Light Heavyweight bastante perigosa, ou aprende a lutar de modo completo, atacando e se defendendo, adaptando seu modo de luta ao adversário, em vez de só tentar bater. Como acredito que Wand talvez não tenha mais paciência para aprender nada novo depois de 13 anos de profissionalismo, pode ser que esteja na hora de voltar pra casa. Rampage volta a se postar como sério aspirante ao título que lhe foi tirado por Forrest Griffin, em julho.

Frank Mir x Rodrigo Nogueira

Os lutadores foram os técnicos da última edição do reality show The Ultimate Fighter, vencido pelo Team Nogueira. O brasileiro, um dos maiores pesos pesados da história do MMA, chegou com o retrospecto invejável de jamais ter sido nocauteado ou finalizado em 37 lutas de MMA profissional, mesmo tendo enfrentado por três vezes a lenda Fedor Emelianenko. Suas quatro derrotas na carreira foram por pontos. Mas tudo tem sua primeira vez.

Para quem se diz um excelente boxeador (pelo menos para os padrões do MMA), Minotauro deu um show de incompetência na luta. Apesar de mais leve, Minotauro se movia com mais dificuldade no octógono. Mir, ex-campeão do UFC, se movimentou com bastante agilidade para um cara de seu tamanho e peso.

A luta, que muitos acreditavam que seria decidida no chão, pela característica principal dos dois, ocorreu praticamente inteira em pé. Muito mais ágil, Mir abusou das combinações de jab, direto e uppers longos, que entravam sem maiores dificuldades na guarda do brasileiro. Minotauro em momento algum da luta foi visto usando algum sistema defensivo decente: não tentou esquivas, não pendulou, sua cabeça ficava parada como um alvo fixo e seu jogo de pernas foi um desastre. Apenas confiou no bloqueio dos golpes com as mãos. E isso já está provado há pelo menos uns 80 anos que é um convite à lona.

Ainda no primeiro round de uma luta prevista para cinco (valia o cinturão interino dos pesados), Mir mandou Minotauro para a lona por duas vezes, depois de atingir diversas vezes o rosto do adversário. Percebendo que o caminho para a vitória era em pé, Mir se recusava a ir para o chão. Sempre que sofria um knock down, Minotauro tentava atrair o adversário para a guarda.

No intervalo para o segundo round, Amaury Bitetti deu um esporro em Minotauro, mandando o lutador buscar a luta no chão em vez de ficar boxeando em pé. Teimoso, Minotauro insistiu na tática errada e o resultado foi catastrófico: com pouco menos de 2 minutos, Mir encaixou dois uppers de esquerda no queixo de Minotauro, mandando-o para a lona. O rápido ground'n'pound foi interrompido pelo árbitro Herb Dean. Minotauro achou a decisão precipitada, mas quando se levantou cambaleando e trocando os pés, mostrou que a decisão de interromper a luta fora acertada.

Diferente de Wand, Minotauro ainda tem boas chances de recuperar o cinturão. Ele ainda é melhor do que os top contenders da divisão no UFC, Brock Lesnar, Frank Mir e Randy Couture. Mas precisa urgentemente rever sua tática de luta. Ficar boxeando, levando soco o tempo inteiro, esperando a hora de ir pro chão e finalizar, confiando que tem uma resistência sobre-humana é um convite para nocautes que podem se tornar cada vez mais freqüentes. Especula-se que sua próxima luta possa ser contra o ex-campeão Randy Couture.

Frank Mir deu um show de humildade na entrevista depois da luta: “Não tinha idéia que essa luta poderia terminar antes dos cinco rounds. E se fosse uma luta rápida, me imaginava perdendo. Enfrentei um monstro mitológico. Nunca estive com tanto medo como quando entrei no ringue esta noite. Passei por muitas dificuldades após meu acidente, e voltar para enfrentar o melhor peso pesado que já lutou no UFC e vencer depois de tudo o que passei... Provei que posso fazer as coisas. Nem eu imaginava poder vencer Nogueira”. Mir tentará unificar o título dos pesados contra o gigante Brock Lesnar, a quem inclusive já finalizou em março, no UFC 81. Se mantiver a forma e a pegada, tem grandes chances de obter êxito.

Rashad Evans x Forrest Griffin

No encontro entre os vencedores da primeira e segunda edições do The Ultimate Fighter, não adiantou muito a minha torcida pelo Griffin. O lutador, ex-policial da Georgia, não é um primor de lutador, tecnicamente falando. Forrest é daqueles carniceiros com muita vontade e resistência, se transforma quando vê sangue (principalmente nele próprio). Rashad é mais técnico e se movimenta melhor no octógono. Estava solto na luta de sábado.

Detentor do cinturão, Forrest até começou bem a luta. Acertou bons chutes e socos e levou a melhor na trocação nos dois rounds iniciais.

Mas no terceiro round, um poderoso cruzado de esquerda, que já vitimara Chuck Liddell, encerrou uma seqüência avassaladora e mandou Forrest para a lona. Griffin parecia ter encaixado o golpe, mas Rashad partiu para um violento grond'n'pound, socando a cabeça de Griffin, que quicava na lona e voltava contra as mãos de Rashad. Diferente da luta anterior, desta vez o árbitro demorou a interromper. Griffin já havia batido, mas o árbitro Steve Mazzagatti não viu.

Novo dono do título na divisão mais disputada do UFC, Rashad, invicto em 19 lutas, agora virou alvo de muita gente boa: Quinton Jackson, Lyoto Machida (ou Thiago Silva, caso vença Lyoto), Mauricio Shogun (que vai pegar Mark Coleman no UFC 93), Dan Henderson e Rich Franklin (que subiram de categoria e se enfrentam no UFC 93), além do próprio Forrest Griffin estão de olho no cinturão dos meio-pesados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não há nada pior que ex-atleta frustrado (vê-se que é o seu caso) fazendo análise esportiva. Nunca li tanta besteira. Entra num ringue campeão para mostrar que é o bonzão ...

Anônimo disse...

Eu curti o texto.

Agora, lendo os comentarıos eu nao entendo como nego escreve crıtıca anonıma... O negocıo que me dah um odıo no coraçao.

Quer crıtıcar, crıtıque, mas tenha pelo menos a dıgnıdade de assınar o que fala.

(e pra saber que o Alexandre eh ex-atleta, eh capaz de ser um mala que acompanha as conferencıas no HT)