terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Saldo amplamente negativo no UFC 92

O UFC 92, disputado na madrugada de sábado para domingo passado, foi considerado por muitos como o melhor card da história do evento. O octógono montado na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, viu na luta principal Forrest Griffin colocar seu cinturão dos meio-pesados contra o invicto Rashad Evans. Antes, a lenda brasileira Rodrigo "Minotauro" Nogueira também colocou seu cinturão interino dos pesados em jogo contra o ex-campeão Frank Mir. Outro brasileiro, Wanderlei Silva deu a segunda revanche para Quinton "Rampage" Jackson, depois de duas lutas nos ringues do Pride. E o francês Cheick Kongo enfrentou o estreante libanês Mostapha al-Turk.

Wanderlei Silva x Quinton Jackson

Uma das maiores rivalidades do MMA atual teve seu terceiro capítulo no UFC 92. Wand havia massacrado Rampage duas vezes no PRIDE, abusando das joelhadas. Na segunda luta inclusive deixou o adversário pendurado nas cordas. Os lutadores já trocaram empurrões em várias oportunidades e não escondem de ninguém que se odeiam. Na luta de sábado, sequer tocaram luvas no início do combate.

Mas aquilo ficou no passado. Rampage melhorou muito. Wand parece que não tem mais o sangue nos olhos que o caracterizava no PRIDE. Sobrou ainda a velha fúria de cachorro louco, mas que nem sempre é suficiente no MMA atual. Traumatizado com as derrotas brutais, certamente Rampage estudou bastante o estilo de Wand. E assim viu que, quando dispara seus ataques selvagens, o brasileiro parece não cogitar a hipótese de sofrer um contragolpe, pois parte alucinadamente com a guarda totalmente aberta. E aos 3 minutos do primeiro round, Rampage achou a brecha que precisava, encaixando um poderosíssimo cruzado de esquerda por cima da guarda aberta, acertando em cheio no queixo de seu antigo nêmesis, que simplesmente desconectou, caindo desacordado. O negócio ficou tão feio que o brasileiro sequer teve condições de dar entrevista depois da luta, pois ficou cerca de dez minutos estirado na lona em estado precário, recebendo atendimento médico.

Wanderlei precisa tomar uma decisão: ou desiste das lutas de alto nível, principalmente no UFC, que tem a divisão de Light Heavyweight bastante perigosa, ou aprende a lutar de modo completo, atacando e se defendendo, adaptando seu modo de luta ao adversário, em vez de só tentar bater. Como acredito que Wand talvez não tenha mais paciência para aprender nada novo depois de 13 anos de profissionalismo, pode ser que esteja na hora de voltar pra casa. Rampage volta a se postar como sério aspirante ao título que lhe foi tirado por Forrest Griffin, em julho.

Frank Mir x Rodrigo Nogueira

Os lutadores foram os técnicos da última edição do reality show The Ultimate Fighter, vencido pelo Team Nogueira. O brasileiro, um dos maiores pesos pesados da história do MMA, chegou com o retrospecto invejável de jamais ter sido nocauteado ou finalizado em 37 lutas de MMA profissional, mesmo tendo enfrentado por três vezes a lenda Fedor Emelianenko. Suas quatro derrotas na carreira foram por pontos. Mas tudo tem sua primeira vez.

Para quem se diz um excelente boxeador (pelo menos para os padrões do MMA), Minotauro deu um show de incompetência na luta. Apesar de mais leve, Minotauro se movia com mais dificuldade no octógono. Mir, ex-campeão do UFC, se movimentou com bastante agilidade para um cara de seu tamanho e peso.

A luta, que muitos acreditavam que seria decidida no chão, pela característica principal dos dois, ocorreu praticamente inteira em pé. Muito mais ágil, Mir abusou das combinações de jab, direto e uppers longos, que entravam sem maiores dificuldades na guarda do brasileiro. Minotauro em momento algum da luta foi visto usando algum sistema defensivo decente: não tentou esquivas, não pendulou, sua cabeça ficava parada como um alvo fixo e seu jogo de pernas foi um desastre. Apenas confiou no bloqueio dos golpes com as mãos. E isso já está provado há pelo menos uns 80 anos que é um convite à lona.

Ainda no primeiro round de uma luta prevista para cinco (valia o cinturão interino dos pesados), Mir mandou Minotauro para a lona por duas vezes, depois de atingir diversas vezes o rosto do adversário. Percebendo que o caminho para a vitória era em pé, Mir se recusava a ir para o chão. Sempre que sofria um knock down, Minotauro tentava atrair o adversário para a guarda.

No intervalo para o segundo round, Amaury Bitetti deu um esporro em Minotauro, mandando o lutador buscar a luta no chão em vez de ficar boxeando em pé. Teimoso, Minotauro insistiu na tática errada e o resultado foi catastrófico: com pouco menos de 2 minutos, Mir encaixou dois uppers de esquerda no queixo de Minotauro, mandando-o para a lona. O rápido ground'n'pound foi interrompido pelo árbitro Herb Dean. Minotauro achou a decisão precipitada, mas quando se levantou cambaleando e trocando os pés, mostrou que a decisão de interromper a luta fora acertada.

Diferente de Wand, Minotauro ainda tem boas chances de recuperar o cinturão. Ele ainda é melhor do que os top contenders da divisão no UFC, Brock Lesnar, Frank Mir e Randy Couture. Mas precisa urgentemente rever sua tática de luta. Ficar boxeando, levando soco o tempo inteiro, esperando a hora de ir pro chão e finalizar, confiando que tem uma resistência sobre-humana é um convite para nocautes que podem se tornar cada vez mais freqüentes. Especula-se que sua próxima luta possa ser contra o ex-campeão Randy Couture.

Frank Mir deu um show de humildade na entrevista depois da luta: “Não tinha idéia que essa luta poderia terminar antes dos cinco rounds. E se fosse uma luta rápida, me imaginava perdendo. Enfrentei um monstro mitológico. Nunca estive com tanto medo como quando entrei no ringue esta noite. Passei por muitas dificuldades após meu acidente, e voltar para enfrentar o melhor peso pesado que já lutou no UFC e vencer depois de tudo o que passei... Provei que posso fazer as coisas. Nem eu imaginava poder vencer Nogueira”. Mir tentará unificar o título dos pesados contra o gigante Brock Lesnar, a quem inclusive já finalizou em março, no UFC 81. Se mantiver a forma e a pegada, tem grandes chances de obter êxito.

Rashad Evans x Forrest Griffin

No encontro entre os vencedores da primeira e segunda edições do The Ultimate Fighter, não adiantou muito a minha torcida pelo Griffin. O lutador, ex-policial da Georgia, não é um primor de lutador, tecnicamente falando. Forrest é daqueles carniceiros com muita vontade e resistência, se transforma quando vê sangue (principalmente nele próprio). Rashad é mais técnico e se movimenta melhor no octógono. Estava solto na luta de sábado.

Detentor do cinturão, Forrest até começou bem a luta. Acertou bons chutes e socos e levou a melhor na trocação nos dois rounds iniciais.

Mas no terceiro round, um poderoso cruzado de esquerda, que já vitimara Chuck Liddell, encerrou uma seqüência avassaladora e mandou Forrest para a lona. Griffin parecia ter encaixado o golpe, mas Rashad partiu para um violento grond'n'pound, socando a cabeça de Griffin, que quicava na lona e voltava contra as mãos de Rashad. Diferente da luta anterior, desta vez o árbitro demorou a interromper. Griffin já havia batido, mas o árbitro Steve Mazzagatti não viu.

Novo dono do título na divisão mais disputada do UFC, Rashad, invicto em 19 lutas, agora virou alvo de muita gente boa: Quinton Jackson, Lyoto Machida (ou Thiago Silva, caso vença Lyoto), Mauricio Shogun (que vai pegar Mark Coleman no UFC 93), Dan Henderson e Rich Franklin (que subiram de categoria e se enfrentam no UFC 93), além do próprio Forrest Griffin estão de olho no cinturão dos meio-pesados.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A volta da lenda


Uma notícia que pode ser boato, mas já me deixa ouriçado só por imaginar que possa acontecer. Depois de vencer Oscar de la Hoya de modo incontestável, o filipino Manny Pacquiao acabou acertando em outra lenda. Floyd Mayweather Jr., aposentado campeão mundial invicto, pretende voltar aos ringues para tirar de Pacquiao o título de melhor lutador do mundo peso por peso. A foto histórica acima mostra Floyd com os seis cinturões que conquistou (e ninguém jamais lhe tirou) na carreira. Floyd enfileirou os títulos na superpena (59.0 kg), leve (61.2 kg), superleve (63.5 kg), médio-ligeiro (66.7 kg), meio-médio (69.9 kg) e de volta para médio-ligeiro.

Mas, para ficar ainda melhor a boataria, Mayweather faria uma luta preparatória antes de enfrentar o Pac-Man. E esta seria contra o britânico Ricky Hatton, última vítima de Floyd. Aliás, foi a única vez que Hatton perdeu em 46 lutas (ele tem 45 vitórias). Para aumentar ainda mais as expectativas, o provável treinador de Hatton para esta luta pode ser Floyd Mayweather Sr., pai de Mayweather Jr. Os dois não se dão bem e Floyd era treinado por um tio. Como dizem que o próximo adversário de Pacquiao seria Hatton, os advogados e empresários do britânico estão vendo qual será a melhor opção para o lutador.

Só de imaginar ver novamente uma lenda do porte de Mayweather em ação já seria sensacional. Contra Pacquiao então, é quase um sonho. De todos os lutadores que vi em ação, Floyd foi, sem dúvida alguma, o mais talentoso deles, seja lá qual o peso fosse. Técnica impecável, sempre em plenas condições atléticas, com perfeitas táticas de luta, Floyd é um gênio daqueles que aparecem de vem em raro em qualquer esporte. Aos 32 anos, certamente ainda tem o que mostrar, para deleite dos fãs. É uma grande oportunidade para quem nunca viu este fenômeno em ação.

Já comecei a torcer para estas lutas acontecerem mesmo!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Na luta em que todos perdem, o boxe lamenta


Joe Louis, Sugar Ray Robinson e Rocky Marciano devem ter dado cambalhotas de desgosto em seus túmulos. O russo Nikolai Valuev manteve seu título mundial pela Associação Mundial de Boxe ao vencer por pontos (decisão majoritária) o americano Evander Holyfield. Mas, para desgosto dos fãs de boxe, foi uma luta horrorosa, com um resultado final contestável, fatos que só contribuem com o declínio da modalidade, antes chamada de Nobre Arte.

Assisti à luta em VT pela Band. Como aconteceu em Zurique, teria passado ao vivo às 17:00h no Brasil. Pelo menos conseguimos ver em TV aberta. Pior para os americanos, que viram em pay-per-view analógico (imagine ver uma luta horrorosa daquelas em HDTV), com um undercard igualmente horroroso, sem tradução das instruções de corner nem das entrevistas pós-luta do Valuev. Pagar para ver aquilo é digno de reclamação no Procon.

Eu estava num bar com alguns amigos e por isso vimos a luta sem som. Isso nos ajudou a ver imparcialmente, sem narradores ou comentaristas puxando sardinha para ninguém, sem ser balançado pela preferência do público. Tudo bem que a transmissão era favorável ao americano. Ainda assim não teve um sentado à mesa que concordasse com o resultado de 116-112, 115-114 e 114-114, recebido com vaias pelos 12.500 presentes ao Hallenstadion, que os juizes tiveram a cara-dura de apresentar. Na minha opinião, o melhor a se fazer era decretar os dois derrotados e devolver o cinturão para a AMB.

Como diabos um lutador como Nikolai Valuev é campeão mundial? Totalmente fora de forma, sua atuação foi uma desgraça para um campeão mundial. Parecia que o velho era ele. Seu cinturão foi conquistado depois de vencer o fraquíssimo americano John Ruiz, quando o título estava vago, pois o campeão Ruslan Chagaev (único a vencer Valuev) estava machucado. Aliás, Chagaev também é fraco demais. Existe um debate sobre quem é o verdadeiro campeão mundial dos pesos pesados. A única coisa que sei é que ele tem o sobrenome Klitschko...

Como diabos um lutador velho e com problemas cardíacos, inativo há mais de um ano, que morreu depois do oitavo assalto, pode ser novamente aspirante a um título mundial?

E como diabos os juizes dão a vitória para um cara que não fez nada na luta inteira? O resultado de 116-112 a favor do russo só pode ser explicado por corrupção (infelizmente comum no boxe atual) ou incompetência do juiz italiano Pierluigi Poppi. Não que Holyfield tenha feito uma boa luta. Sua atuação também foi lastimável. Mas pelo menos ele tentou, tomou iniciativa, movimentou-se enquanto agüentou, lançou socos (todos absorvidos pela cabeçorra do russo). Foi muito pouco, mas mais do que Valuev fez para merecer a vitória. Certamente foi a luta menos movimentada que eu vi na vida. Não foram raros os assaltos onde NENHUM soco contundente foi lançado. É difícil até pontuar um troço horrendo assim. Nunca vi algo tão ruim na vida no boxe. E olha que ja vi Luciano "Tododuro" Torres, Aurelio "Toyo" Perez, Reginaldo "Holyfield" Andrade...

A única coisa boa da luta foi a apresentação sempre genial de Michael Buffer e seu lendário bordão "Let's get ready to rumble!!!" Mas nem isso eu ouvi, pois, como disse, a transmissão no bar estava sem som. Dos amigos presentes à mesa, Daniel disse, com razão, que só "volta a ver boxe novamente em lutas antigas, os atuais nunca mais". João, também coberto de razão, ficou transtornado com o resultado final. Pedro, como eu, ficou tentando imaginar por que os juizes deram aquele resultado (como se aquilo tivesse explicação). Melhor fez o Barretto, que cochilou na mesa depois do terceiro assalto.

Agora especula-se que Valuev colocará o cinturão em jogo contra Ruiz ou Chagaev, em mais uma luta feia. Não, obrigado. Peguem Ruiz e Chagaev, juntem a Samuel Peter, Hasim Rahman, Sultan Ibragimov e Oleg Maskaev e joguem no lixo. Depois coloquem o gigante para enfrentar um dos irmãos Klitschko. Certamente Wladimir ou Vitali tomariam o cinturão dele e reinariam como campeões dos pesados em todas as entidades (Vitali tem o cinturão do CMB, Wlad tem da FIB, OMB e OIB). Pelo menos seria mais justo com o esporte.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pra que isso?


Neste sábado, 20 de dezembro, em Zurique, Suíça, o ex-campeão mundial de pesos pesados Evander Holyfield volta aos ringues (de novo), depois de mais de um ano de inatividade. Mas aos 46 anos, depois de ter sido diagnosticado com problemas no coração, a parada será indigesta. Seu adversário será o campeão mundial pela Associação Mundial de Boxe (AMB), o russo Nikolai Valuev. Mas a parada será indigesta porque o russo tem um cinturão? Claro que não. Holyfield é experiente, já lutou contra campeões como Mike Tyson, Lennox Lewis e George Foreman. O grande problema (e bota grande nisso) é o cenário de filme de terror que está sendo desenhado.

Valuev tem incríveis 2,13m e 145kg. Tente se imaginar num ringue de boxe contra um cidadão com simplesmente 24cm e 50kg de superioridade em relação a você. E onze anos a menos, sem ter estado inativo. E sem nenhum problema de coração. Conseguiu? Ficou com medo? Pois é...

O russo é um lutador lento (óbvio), não é tão técnico quanto os irmãos Klitschko, mas tem uma marretada pesadíssima em seus punhos. E tem um aliado poderoso: vai socar para baixo. Só quem já entrou num ringue ou já esteve envolvido em alguma luta de socos sabe o quanto isso é importante. Em contrapartida, Holyfield precisará socar para cima, onde vai perder muita potência por conta disso. Imagine então socar perdendo potência e ainda tendo que deslocar uma massa do tamanho do Valuev, com todos os pontos contra que o americano tem hoje. É praticamente impossível. Enquanto Holyfield tem um cartel profissional de 42 vitórias, 9 derrotas e 2 empates, Valuev só perdeu uma luta em 50 disputadas.

Mas por que Holyfield vai encarar este pesadelo? Está sendo divulgado que ele quer tirar de Foreman o título de mais velho campeão mundial dos pesados da história. Mas não é bem assim. Evander, que recebeu as duas maiores bolsas da história do boxe, nas lutas contra Tyson, é um homem endividado. Só de pensão para os ONZE filhos ele desembolsa meio milhão de dólares por ano. Pra quem já ganhou cerca de 200 milhões de dólares apenas em bolsas...

Só nos resta torcer para que nenhum dano mais grave aconteça ao Evander Holyfield.

domingo, 7 de dezembro de 2008

O Pac-Man destruiu o Golden Boy


Oscar de la Hoya foi um gigante em sua carreira e merecia se aposentar em grande estilo. Mas para isso devia ter escolhido outro adversário. Manny Pacquiao confirmou sua condição de atual melhor lutador do mundo e massacrou o Golden Boy agora há pouco, em Las Vegas. Eu nunca tinha visto uma luta em que De la Hoya tivesse apenas apanhado, nem contra Shane Mosley, Bernard Hopkins, nem contra Floyd Mayweather.

A diferença de altura e de alcance a favor de De la Hoya era visível desde o começo, mas a diferença de velocidade a favor de Pacquiao era ainda mais gritante. Durante todo o combate o filipino se mostrou espetacular, enquanto o americano era ordinário. Nos quatro primeiros assaltos da luta, a cabeça do Golden Boy era um alvo estacionário, enquanto a movimentação do Pac-Man impedia os contra-ataques do adversário e deixava a torcida em êxtase (muitos filipinos moram em Las Vegas).

O quinto foi o melhor assalto de De la Hoya e ainda assim Pacquiao foi superior. O olho direito do americano começou a sangrar. Pacquiao não dava sinais que diminuiria o ritmo, fazendo uma luta perfeita em todos os aspectos. Parecia uma luta entre um aposentado de 50 anos e um campeão mundial com metade da idade.

O sétimo assalto foi provavelmente o pior da carreira de De la Hoya, que sequer esboçava reação diante do massacre que lhe era aplicado. Houve um momento que Pacquiao encurralou De la Hoya no corner e bateu tanto que parecia que o árbitro encerraria o combate. No intervalo do round, seu treinador disse que se não começasse a mandar golpes, jogaria a toalha. O oitavo foi quase uma continuação do anterior. Nem mesmo um soco "achado" poderia salvar De la Hoya, porque ele simplesmente não lançava nenhum golpe minimamente perigoso. Seu corner o convenceu a não voltar para o nono assalto, acabando assim com a punição e decretando a vitória por nocaute técnico para Manny Pacquiao. Oscar de la Hoya andou até o centro do ringue para cumprimentar o adversário, que lhe falou: "Você ainda é meu ídolo". Imediatamente o Golden Boy respondeu: "Você que é o meu". Nas entrevistas depois da luta, o americano aceitou a derrota, não inventou desculpas e apenas se queixou de seu físico, que não é mais o mesmo aos 35 anos.

Para se ter uma idéia do tamanho do massacre, vejam as estatísticas de socos: De La Hoya acertou ridículos 83 golpes em 402 tentados (aproveitamento pífio de 21%); Pacquiao acertou quase o triplo, 224 de 585 (38%). O total de socos fortes foi ainda mais bizarro: De La Hoya acertou 51 de 164 (31%), enquanto Pacquiao disparou 195 petardos de 333 (59%), justificando o apelido de "Little Tyson". Quando a luta foi interrompida depois do oitavo assalto, dois juízes marcavam 80-71 e o terceiro, 79-72 (deve enxergar mal...) a favor do filipino.

Ricky Hatton, campeão mundial dos superleves pela Organização Internacional, que estava presente à luta, deve ter saído preocupado com o futuro. O Pac-Man, detentor do cinturão dos leves, sai de Las Vegas ainda mais fortalecido, ainda mais dono da condição de melhor pound-for-pound da atualidade, mesmo lutando duas divisões acima de seu peso normal. A próxima luta de Pacquiao deve ser contra Hatton.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Golden Boy vs Pac-Man: O Combate dos Sonhos

Esta é a semana do boxe no Arquibancada Digital. Depois de posts sobre Sugar Ray Robinson e Joe Louis (ainda estou devendo o de Rocky Marciano), hoje vamos falar da luta que está sendo chamada de Dream Match, disputada no MGM Grand Hotel, em Las Vegas, na madrugada de hoje: o Golden Boy Oscar de la Hoya enfrenta simplesmente o atual melhor lutador do mundo em todos os pesos, o filipino Manny Pacquiao. Caso vença, será a despedida oficial do Golden Boy dos ringues.

O combate vale pela divisão dos meio-médios (até 66,678 quilos). Como subira de peso, De la Hoya não luta há nove anos nesta categoria. Já Manny Pacquiao jamais subiu tanto de peso para lutar. Inclusive este detalhe deu muito o que falar nos EUA: o Conselho Mundial de Boxe não queria autorizar o combate, por causa da diferença de tamanho entre os lutadores. O americano, com 1,80m, tem 11cm a mais que o filipino. O Pac-Man jamais lutou em categoria acima de 60kg, enquanto o Golden Boy enfrentou o mito Floyd Mayweather Jr. na categoria de 72kg.

Oscar de la Hoya, 35 anos, é o maior ídolo mundial do boxe atualmente. Além de ser um espetacular lutador, é muito carismático e tem hordas de fãs (principalmente feminino) pelo mundo. Foi campeão mundial por incríveis 10 vezes, em seis categorias diferentes, além de ter sido campeão olímpico em Barcelona-92. Ajudou a aposentar o lendário Julio Cesar Chavez, aplicando duas sovas no mexicano. Além de Chavez, venceu outras 40 lutas, incluindo grandes lutadores do naipe de Miguel Angel Gonzalez, Pernell Whitaker, Hector Camacho, Wilfredo Rivera e Shane Mosley. Só perdeu três vezes, todas para lutadores lendários: Felix Trinidad, Bernard Hopkins (que hoje é meio-pesado) e Floyd Mayweather Jr. Ele recebeu uma homenagem em Los Angeles, uma estátua de 5m de altura feita de bronze, na frente do Staples Center.


Manny Pacquiao, também chamado de "Mini Tyson", será um adversário de respeito. Ele é considerado o melhor lutador pound-for-pound desde a aposentadoria de Mayweather. O lutador, ídolo nacional nas Filipinas, é o atual campeão mundial dos leves pelo Conselho. Antes já fora campeão mundial nas divisões mosca, supergalo, pena e superpena. Foi o primeiro asiático a conquistar quatro títulos mundiais em categorias diferentes. Com um cartel de 47 vitórias, 3 derrotas e 2 empates, Pacquiao venceu nomes como Marco Antonio Barrera, Érik Morales (que o derrotou no primeiro encontro) e Juan Manuel Márquez. Esta luta será pela terceira categoria diferente que Pacquiao faz no mesmo ano, um feito incrível. Em 2008 ele já conquistou os títulos dos superpenas e dos leves.

A luta terá alguns ingredientes picantes: no ano passado, Pacquiao chegou a assinar um pré-contrato com a Golden Boy Promotions, empresa de Oscar de la Hoya, recebendo inclusive um adiantamento de 300 mil dólares. Mas o filipino mudou de idéia e assinou com a Top Rank, de Bob Arum, ex-gerenciador da carreira de De la Hoya. O americano disse: "Nunca imaginei enfrentá-lo, mas agora não vejo a hora de subir no ringue e vencê-lo. Não ficarei nada satisfeito se não for por nocaute. Ele vai me pagar.".

Outro detalhe interessante é que o treinador do Golden Boy na luta contra Mayweather, Freddie Roach, foi dispensado por ter sido acusado de ter errado na tática e na preparação para a luta. Hoje Roach estará no corner do Pac-Man.

Tantos ingredientes fazem esta luta ser inesquecível. De la Hoya tem o favoritismo de 9 para 5 nas casas de apostas, muito pela diferença de peso e altura, elevada para os padrões do boxe. Pela idade e por estar em grande forma, Pacquiao pode vencer. Vou torcer por uma vitória do Golden Boy, que merece se aposentar em grande estilo. Pacquiao deverá enfrentar o britânico Ricky Hatton, na grande luta de 2009, pelo título mundial dos leves.

Não perca o Combate dos Sonhos, que deverá começar lá pelas 02:30 da madrugada de domingo, dia 7. A luta será transmitida pelo canal HBO Plus.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O gênio dos pesados


A primeira coisa que me vem à cabeça quando falo de Joseph Louis Barrow é: pena que não vi este sujeito em ação... Conhecido mundialmente como Joe Louis, o Brown Bomber é, sem sombra de dúvidas (obviamente na minha opinião), o melhor peso-pesado da história do boxe. Só para citar um dos feitos deste cidadão, nenhum pesado defendeu por tantas vezes o cinturão mundial. Louis se tornou campeão em junho de 1937 e perdeu o título em junho de 1948, depois de 25 defesas com sucesso. Encerrou a carreira com um cartel de 68 vitórias (54 por nocaute) e 3 derrotas. Entrou para o Hall da Fama do Boxe em 1990.

Joe Louis se profissionalizou em 1934. Venceu 27 lutas seguidas, sendo 23 por nocaute. Nesta fila, enfileirou ex-campeões mundiais, como o italiano Primo Carnera (nocaute no sexto) e o americano Max Baer (nocaute no quarto). Na 28ª, encarou no Yankee Stadium o também ex-campeão, o alemão Max Schmeling e foi nocauteado no 12º assalto.

Rapidamente se recuperou da derrota e venceu mais sete lutas, quando ganhou a chance de disputar o título. Em 22 de junho de 1937 encarou o campeão mundial James J. Braddock, o Cinderella Man (mostrado no filme "A Luta pela Esperança", com Russell Crowe). Jim foi nocauteado no oitavo assalto, quando chegou a perder os sentidos. Joe Louis se tornou o primeiro negro americano campeão desde Jack Johnson, em 1908, fato este que levou os fãs de Braddock a vaiar aquele negro, neto de escravos, que ousava vencer um branco numa sociedade racista.

Golpes Curtos

O estilo único de Joe Louis o fez virar herói nacional do porte de Babe Ruth, grande ídolo do beisebol. Dono de rápidos jabs, Louis tinha mãos pesadíssimas. Tinha um cruzado de direita tão devastador quanto o upper de esquerda. E o mais incrível em seu estilo eram os golpes curtos. Dizia-se na época que um soco de Louis precisava viajar por apenas 15 centímetros para deixar o adversário inconsciente. Em 2003, a revista Ring Magazine nomeou-o como o maior pegador da história do boxe, na Ring Magazine's 100 Greatest Punchers. Pena que Joe não estava entre nós para receber a honraria, pois faleceu em 1981.

Joe Louis vs Max Schmeling

Depois de vencer o negro Louis em 1936, Schmeling virou herói nacional na Alemanha nazista, uma prova viva da doutrina da "superioridade ariana". Em 1938, foi marcada a revanche. Joe se refugiou em seu centro de treinamento e se preparou incessantemente para a luta. Foi recebido na Casa Branca pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, que disse: "Joe, precisamos de músculos como os seus para vencer a Alemanha".

Exatamente um ano após vencer Braddock, Joe enfrentou Max novamente, agora valendo o cinturão. Mas desta vez a luta foi bem diferente. Diante de 70.000 pessoas no Yankee Stadium, Louis destruiu Schmeling em apenas um dois minutos e quatro segundos. O Brown Bomber largou uma saraivada de golpes na cabeça e no corpo do adversário, que mandou-o para as cordas. Continuando o massacre, Joe lançou Max à lona por três vezes. Na terceira queda, o técnico alemão teve pena de seu pupilo, que só tinha tentado dar dois socos até então e jogou a toalha.

Esta revanche foi considerada uma das melhores lutas de todos os tempos e um dos maiores eventos esportivos do século XX.




Honrarias


Além de ser considerado o número 1 da Ring Magazine's 100 Greatest Punchers e de ser considerado o melhor peso-pesado da história por muitos especialistas, Joe Louis também dá nome ao ginásio do Detroit Red Wings, time de hockey da NHL. A Joe Louis Arena tem uma estátua de bronze do filho favorito da cidade na entrada (apesar de ter vivido em Detroit, Louis nasceu na cidade de La Fayette, no estado do Alabama).

O Congresso Nacional americano ainda o agraciou com uma medalha de ouro, a honraria mais alta oferecida pelo legislativo americano.

Frases marcantes

"Ele pode correr, mas não pode se esconder"
De Joe Louis, antes de enfrentar Billy Conn, então campeão mundial dos meio-pesados, mais leve e mais rápido que Joe. Conn disse que usaria a tática de bater e correr para vencer, que deu certo por 12 vitoriosos assaltos. Mas acabou nocauteado no 13º.

"Todo mundo tem um plano de luta, até ser atingido"
De Joe Louis, antes de uma luta. Esta frase ficou tão famosa que foi usada até no filme "A Sombra e a Escuridão".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Pound For Pound

Nascido Walker Smith Jr. em 3 de maio de 1921, o americano Sugar Ray Robinson foi campeão mundial das divisões meio-médio e médio. O apelido de Sugar veio na fase amadora, por causa do estilo que fluía com ritmo adquirido em aulas de balé. Ray Robinson era o nome de um amigo que Sugar usou a inscrição de boxeador na União Atlética Amadora para freqüentar um ginásio para treinar.

Sugar teve um recorde de 85 vitórias, invicto, como amador, com 69 nocautes, 40 no primeiro assalto. Foi campeão do New York Golden Gloves aos 19 anos e se profissionalizou logo depois, ainda em 1940. Onze anos depois já tinha o incrível cartel profissional de 128-1-2, com 84 nocautes. Foi campeão dos meio-médios entre 1946 e 1951, quando conquistou o título dos médios. Se aposentou em 1952, voltou dois anos e meio depois, para reconquistar o título dos médios em 1955. Foi o primeiro lutador a ser campeão mundial cinco vezes, o último deles conseguido aos 38 anos. Aposentou-se com 202 lutas profissionais, com um cartel de 175-19-6, com 2 no contest, em 26 anos.

Robinson tinha uma versatilidade imensa, mostrava potência e habilidade com ambos os punhos. Era dono de rápidos jabs e grande potência nos golpes, considerado o dono do mais vasto repertório da história do boxe. Adquiriu um nível de treinamento tão elevado que dizia: "Eu não penso no ringue. É tudo instinto. Se você parar para pensar, está acabado!". O termo pound-for-pound, largamente usado para comparar lutadores de categorias diferentes, foi motivado por Robinson. A foto acima é a capa da biografia do lutador.

Sugar Ray Robinson faleceu em 12 de abril de 1989, quando sofria do Mal de Alzheimer.

Jake LaMotta e "O Massacre do Dia dos Namorados"


Muitas rivalidades existiram na carreira do gênio, mas a mais incrível foi contra Jake LaMotta, integrante do Hall da Fama. Eles lutaram seis vezes, com cinco vitórias de Sugar. Venceu a primeira, em outubro de 1942, na decisão unânime por pontos. Invicto em 40 lutas, Sugar perdeu a revanche para LaMotta, 7kg mais pesado, no ano seguinte. Foi derrubado no oitavo assalto e perdeu por pontos. Vinte e um dias depois (isso mesmo!), voltaram a se enfrentar e Sugar venceu pela segunda vez. Em 1945, mais duas vitórias de Sugar por pontos.

A última delas, em 14 de fevereiro de 1951, teve o apelido de "St. Valentine's Day Massacre", o dia dos namorados dos EUA. LaMotta era o campeão dos médios e foi surrado impiedosamente por Robinson. O final do combate foi uma das coisas mais impressionantes que já vi. Sugar batia de todos os modos, LaMotta apenas encaixava (assimilava), mas não acertava nenhum contra-golpe. Robinson, exausto de tanto bater, não conseguiu colocar o adversário na lona. A luta foi interrompida pelo árbitro no 13º assalto, com LaMotta entregue, quase pendurado nas cordas. No final, Jake se aproximou de Sugar e disse: "Você não me derrubou. Você nunca conseguiu me derrubar.". O vídeo abaixo mostra o incrível final da luta.

O combate foi visto por mais de 60 milhões de pessoas, na maior audiência esportiva até então.




Honrarias

Melhor lutador do século XX, pela Associated Press.
Melhor lutador peso-por-peso de todos os tempos, pela Ring Magazine, em 1997.
Melhor lutador de todos os tempos, pela ESPN.com, em 2007.
Décimo-primeiro na lista dos 100 Greatest Punchers, pela Ring Magazine, em 2003. Mike Tyson é o 16º.

Frases Marcantes

"Alguém um dia fez uma comparação entre Sugar Ray Leonard e Sugar Ray Robinson. Acredite em mim, não há comparação. Ele foi o maior."
Sugar Ray Leonard, ex-campeão mundial e integrante do Hall da Fama

"Sem dúvidas o melhor lutador peso-por-peso que já viveu."
Jake LaMotta

"O rei, o mestre, meu ídolo."
Muhammad Ali, ex-campeão mundial dos pesados e integrante do Hall da Fama

"O melhor lutador que já pisou em um ringue."
Joe Louis, ex-campeão dos pesados, integrante do Hall da Fama e amigo de Sugar

Vídeocassetada no MMA

Meu amigo Pedro p8 mandou este vídeo, um trecho do programa Inside MMA, apresentado pelo ex-lutador holandês de Muay Thai e Pancrase Bas Rutten e por Kenny Rice. O que aconteceu na luta exibida foi hilário, raramente visto em qualquer evento de luta. Coisa de desenho animado do Walter Lantz.

A luta aconteceu em Indianapolis, entre Tyler Bryan and Shaun Parker.


domingo, 30 de novembro de 2008

Quem foi o melhor do...?

Sexta passada estava eu num bar com mais quatro amigos quando o João puxou o assunto "Quem foi o melhor do boxe?". Especificamente, quem foi o melhor peso-pesado da história e o melhor pound-for-pound (qualquer divisão de peso). Como sempre, em qualquer esporte, este tipo de pergunta é complicada de responder e ainda traz discussões (sadias), pois nem todos compartilham da mesma opinião.

Na mesa do bar, composta pelos grandes João, Pedro, Zé, Daniel e por mim, teve quem achasse Muhammad Ali o melhor pesado, um cara que enfrentou guerras no ringue, numa época que a quantidade de oponentes de altíssimo nível era bem maior do que hoje. Só de lutadores integrantes do Hall da Fama, Ali enfrentou George Foreman, Ken Norton, Joe Frazier, Floyd Patterson e Sonny Liston. Apenas lutar contra estes caras já daria um cartel mais impressionante do que toda a carreira de Wladimir Klitschko, atual rei dos pesados.

Teve também quem falasse de Mike Tyson. O Iron Mike revolucionou o boxe, ao se tornar o pesado mais jovem a conquistar o título mundial. Seu estilo agressivo, que buscava sempre o nocaute, enlouquecia os torcedores (incluo-me nesta lista) e foi muito favorecido por ter vivido numa época com a mídia no auge em cima do boxe. Em que pese o que ele fez da vida e da carreira...

Como a divisão dos pesados é a mais importante do boxe, é normal apontar um pesado como o melhor peso-por-peso. Mas a minha opinião é diferente. O melhor pesado da história, para mim, é o Brown Bomber Joe Louis. E o melhor de todos é Walker Smith Jr., mais conhecido como Sugar Ray Robinson. Entre os pesados, uma menção honrosa, que não é Ali ou Tyson. É Rocco Francis Marchegiano, que entrou para a história como Rocky Marciano, único pesado que se aposentou invicto na história do esporte.

Muita gente não conhece o que estes caras fizeram, até porque são todos de épocas mais remotas, todos estiveram no auge antes dos anos 60. Então esta discussão me fez escrever três posts, um para cada um destes gênios do parágrafo acima. Vou postar durante a semana e procurar vídeos para ilustrar o que estes monstros fizeram. Tentarei rapidamente contar um pouco da carreira deles, para que vocês saibam o que foi cada um. E, como sempre, deixar espaço para vocês também opinarem.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Menos um campeão do boxe em ação

Depois do gênio americano Floyd Mayweather Jr., que encerrou a carreira invicto, campeão mundial em cinco categorias diferentes e melhor lutador pound-for-pound nos últimos seis anos, o boxe perde mais um de seus heróis. Agora é a vez do galês campeão da categoria meio-pesado Joe Calzaghe pendurar as luvas. Também invicto, depois de vencer todas as suas 46 lutas, 32 por nocaute. Calzaghe também já havia sido campeão mundial super-médio.

O Orgulho de Gales encerrou a carreira em grande estilo. Sábado passado (8) venceu o americano Roy Jones Jr por pontos, numa luta que foi chamada de Battle of the Superpowers, entre dois futuros integrantes do Hall da Fama. Apesar de ter sido derrubado pelo adversário com uma direita ainda no primeiro assalto, Calzaghe deu uma verdadeira aula de boxe, dominou amplamente o adversário e venceu por pontos, em decisão unânime (118-109). Foi uma das maiores exibições da carreira do galês, que atacou quase todo o tempo, lançando mão de combinações rápidas, deixando apenas o contra-ataque para Jones Jr, que ficou boa parte da luta preso às cordas.

O combate, ocorrido no Madison Square Garden (Nova York), teve alguns expoentes do boxe na platéia, como o ex-campeão mundial dos pesados e também britânico Lennox Lewis, além de Bernard Hopkins, ex-campeão que foi batido por Calzaghe na luta anterior, em abril. Provavelmente também foi a despedida de Roy Jones Jr, campeão mundial em quatro categorias e apontado como um dos maiores de todos os tempos.


Um a um, os ídolos da Nobre Arte vão se despedindo, enquanto não há nenhum sinal de novos ares. O esporte vai perdendo espaço, envolto em "organizações" que servem apenas para denegrir o Boxe. Até mesmo uma revista promove lutas por título mundial! Torci para que Mayweather repensasse sua aposentadoria. Não voltou atrás. Agora torço para que Calzaghe ainda nos dê mais algumas chances de vê-lo em ação. Mas não tenho esperanças.

Daqui a pouco pararão Manny Pacquiao, Juan Manuel Marquez, Ricky Hatton, Wladimir Klitschko, Oscar de la Hoya. E a gente vai ficando mais triste...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

UFC 91 COUTURE vs LESNAR

Amanhã teremos a volta de Randy Couture (foto ao lado, à esquerda) ao octógono do Ultimate Fighting Championship. "The Natural" volta para defender seu cinturão contra o superstar do Wrestling americano, Brock Lesnar, depois de mais de um ano parado, por divergências contratuais com Dana White e a Zuffa, que controlam o evento. Randy não luta desde que venceu o brasileiro Gabriel Gonzaga, o Napão, no UFC 74, em 25 de agosto de 2007. O combate será o evento principal do card do UFC 91.

Esta luta está sendo bastante comentada mundo afora. Todos querem saber como Couture está física e tecnicamente depois da inatividade, uma vez que não se trata de um garoto (tem 45 anos). E muitos, a começar por mim, não admitem que um novato com currículo de apenas três lutas no MMA já tenha direito de lutar pelo cinturão. O problema é que, apesar de novato, Lesnar não é bobo. Pra começar, o cidadão é gigante: 1,91m e 120kg de massa bruta, 3cm e 11kg a mais que o campeão. Além disso carrega consigo um histórico de mais de 100 lutas invicto no Wrestling amador e profissional, além de ter sido estrela do WWE.

Por outro lado, Randy é, talvez, o lutador mais bem capacitado taticamente da história do MMA. Sempre é capaz de escolher o melhor plano de luta e adaptar ao adversário. Mestre do clinch, wrestler fantástico e com conhecimento ímpar do octógono, Couture já faz parte do seletíssimo Hall da Fama do UFC, junto com Royce Gracie, Mark Coleman, Dan Severn e Ken Shamrock, que, na minha opinião, denigre a lista.

O que esperar de um combate que será ao mesmo tempo inusitado e perigoso? Inusitado por se tratar do encontro entre o mais experiente do mundo contra o mais (ou um dos mais) inexperiente. Perigoso pelo citado nos parágrafos acima. Muita gente boa aposta que Couture não tem chance. Inclusive Lesnar (foto ao lado, à direita) é o favorito nas casas de apostas. Na minha liga do Fantasy UFC, apostei na vitória por decisão unânime do Natural. Imagino uma luta onde Randy tentará cansar o gigante, rodando pelo octógono e buscando o clinch sempre que possível. Não acredito numa finalização do campeão, pois Lesnar não é mais o trouxa que levou uma chave de perna do Frank Mir, na estréia, pelo UFC 81. Encaixar uma guilhotina ou mata-leão naquele pescoço de tiranossauro deve ser complicado. Por outro lado, também não acredito que Randy seja idiota ao ponto de aceitar a trocação franca com um cidadão daquele tamanho e com uma mão pesadíssima (vejam o que Lesnar fez com Heath Herring, no UFC 87 no final deste post).

Além desta luta, o UFC 91 terá um interessante duelo de leves, entre o ex-campeão Kenny Florian e Joe "Daddy" Stevenson. KenFlo, ex-campeão da Lightweight e vice do The Ultimate Fighter na categoria Middleweight, está invicto há dois anos, desde que perdeu o cinturão para Sean Sherk. Já o Paizão acabou de ser condecorado com a faixa preta de Brazilian Jiu-Jitsu e vai motivado para a luta. Ele finalizou 3 de suas 4 últimas lutas com guilhotina. A exceção foi a derrota para o atual campeão, BJ Penn, que o massacrou no UFC 80. Apostei numa vitória na decisão de KenFlo.

Três brasileiros estarão em ação no evento. Na luta mais importante deles, o mestre do Submission Demian Maia põe sua invencibilidade de 9 lutas em jogo contra o perigoso Nate "Rock" Quarry, pela divisão Middleweight. Acredito numa finalização do brasileiro. No Fantasy, apostei em um mata-leão, via pela qual ele venceu todas suas lutas no UFC até hoje.

Antes de Demian, o lutador de BJJ Jorge Gurgel encara o experiente Aaron Riley, com quase 40 lutas de MMA no currículo, pela divisão Lightweight. JG vem de derrota no UFC 86, quando foi finalizado por Cole Miller faltando pouco mais de 10 segundos para o fim do combate.

O último brasileiro a entrar no octógono será o pesado Gabriel Gonzaga. O Napão enfrentará o wrestler Josh Hendricks, estreante no UFC, na sua caminhada para tentar novamente o cinturão do UFC. O brasileiro, ex-campeão mundial de jiu-jitsu, é o meu favorito para levar por finalização a luta.

E você, o que acha? Já se inscreveu no Fantasy UFC? Conte para nós seus palpites na caixinha de comentários.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

UFC 90 SILVA vs COTE

Sábado tem UFC 90, direto de Chicago, na Allstate Arena, com transmissão ao vivo por pay-per-view no Premiere Combate. Depois de um card picareta na semana passada, Dana White se redimiu e vai colocar algumas belas lutas para deleite dos fãs, com vários brasileiros em ação.

Nas lutas que não deverão ser transmitidas ao vivo já teremos pelo menos dois combates para chamar atenção: o brasileiro Thales Leites, especialista em luta de chão, vai encarar o americano Drew McFedries, agressivo e especialista no stand up. Acredito que o Thales não terá muita dificuldade em finalizar o adversário.

A outra será entre os brasileiros Hermes França e Marcus Aurélio, que ficou famoso ao finalizar o superstar japonês Takanori Gomi, no Pride. Será uma luta basicamente de chão. Um fato interessante: Marcus Aurélio foi professor de BJJ de Hermes França. Acho que será uma luta sem favoritos, mas acredito que o Maximus fará uso de sua vantagem física (ele é 10cm mais alto). Vitória na decisão.

Já pelo evento principal, já começaremos com Sean Sherk medindo forças contra Tyson Griffin. Sherk é muito forte para a categoria de leves. Ótimo wrestler, tem grande experiência no MMA, já foi campeão e só perdeu para gente grande (Penn, St-Pierre e Hughes). Tyson vem de vitórias sobre brasileiros, mas acho que não será páreo para o Muscle Shark. Acredito numa vitória por nocaute de Sherk.

Logo depois, mais uma luta de brasucas. Fabricio Werdum volta ao octógono para encarar o estreante Junior Cigano, pela categoria de pesados. Werdum tem talento para disputar o cinturão, para mim é um dos 10 melhores pesados do mundo. Não conheço o Cigano, por isso não tenho como avaliá-lo. Sei que treina boxe com o baiano João Dorea, excelente técnico, que já foi treinador do ex-campeão mundial Acelino "Popó" Freitas. Boto fé na imposição da categoria do Werdum e numa vitória por finalização.

Sem tempo para respirar, outra bela luta. Diferente do poster do evento, o brasileiro Thiago Alves não vai mais enfrentar Diego Sanchez, que se contundiu. Para o lugar dele virá o perigosíssimo Josh Koscheck. Parada dura para o Pitbull, já que Kos, vencedor da primeira edição do The Ultimate Fighter, é raçudo e extremamente bem condicionado fisicamente. Aposto em vitória por decisão de Pitbull.

E no Main Event of the Evening (dá-lhe Bruce Buffer!), o supercampeão Anderson "Spider" Silva, para muitos o melhor lutador pound-for-pound do mundo, vai colocar o cinturão dos médios em jogo contra o canadense Patrick "Predator" Cote. O canadense falou que estudou muito o estilo do Spider, que descobriu falhas no jogo dele. O que o Cotê pode fazer? Se sair pra trocação franca, vai ser triturado. Levar o Spider pro chão? Um faixa roxa de BJJ não tem condição de fazê-lo. Se ousar entrar num double-leg vai tomar uma joelhada daquelas. Anderson acabaria com ele também no clinch. Então, qual a saída para Cote? Simples: a porta do octógono, rápido. Prêmio de nocaute da noite para Anderson Silva, em contagem regressiva para a aposentadoria gloriosa em 2009.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Por que ele é o melhor?

Na minha modesta opinião de fã não-especialista, Fedor Emelianenko é o melhor lutador de MMA de todos os tempos, considerando todas as categorias de peso. Não por acaso fiz questão de torná-lo parte do seleto grupo de monstros que habitam o banner do Arquibancada Digital, junto com Michael Phelps, Magic Johnson, Zico, Pete Sampras e Paavo Nurmi (na ordem, a partir da esquerda).

O invejável cartel já o credenciaria para tal honraria. São 29 vitórias (16 por finalização, 7 por decisão unânime e 6 por nocaute), um No Contest (corte acidental no rosto contra Rodrigo Minotauro) e apenas uma derrota por nocaute técnico, contra Tsuyoshi Kohsaka, em 2000, numa luta que poderia ter sido interrompida por No Contest, se fossem usados os critérios atuais.

Mas o que mais Fedor tem de tão especial?

Preparo físico invejável
Ex-integrante do Exército Russo, Fedor tem um preparo físico monstruoso, apesar da aparência um tanto gordinha e da cara de padeiro. Não faz uso de musculação tradicional. Seu treino é um tanto quanto singular. Explode para cima dos adversários na luta em pé como um raio (vejam o que ele fez contra Tim Sylvia, no Affliction). Ao mesmo tempo, aguenta firme uma luta longa, sem apresentar queda brusca de rendimento, mesmo contra adversários cascudos (vide a luta contra Minotauro, no PRIDE Shockwave 2004 e contra Mirko Cro Cop, no PRIDE Final Conflict 2005). Seus treinos com o Kettlebell, difundido pelo exército russo, usando bolas que chegam a pesar até 40kg, aprimoram sua força física descomunal.

Tecnicamente completo
Com origem no Judô e Sambo, Fedor não se resume a estas artes. É também um especialista na arte de socar em pé. Tem uma capacidade singular de disparar uma seqüência de socos com velocidade e precisão impressionantes, como se fosse um peso leve de boxe, mas com a potência de um peso pesado (novamente a luta contra Sylvia é exemplo). Raramente usa jabs, normalmente parte para diretos, cruzados e uppers, onde normalmente quase 100% atingem o alvo. No ground'n'pound é o maior pesadelo do MMA. E mesmo com um aproveitamento muito acima da média na luta com os punhos, venceu 16 lutas por finalização, lançando mão de um leque vasto de kimuras, arm-locks, mata-leões, guilhotinas.

Preparo psicológico ímpar
Alguém já viu Fedor de gracinha no ringue? Alguém já o viu menosprezar algum adversário? Pois é... Seja contra Egidijus Valavicius ou Rodrigo Minotauro, Fedor sempre encara suas lutas com imensa seriedade, totalmente focado no que deve ser feito. Nada parece abalá-lo: até hoje revejo o pilão invertido que o Kevin Randleman encaixou nele (PRIDE Critical Countdown 2004, foto abaixo) e me pergunto como Fedor voltou como se nada fosse e finalizou o adversário. Venceu gente como Rodrigo Minotauro, Ricardo Arona, Renato Babalu, Mark Coleman, Kevin Randleman, Mirko Cro Cop... O Fedor simplesmente não vacila, sabe que tem recursos, é inteligente e sabe ler o jogo do adversário.

Em condições normais não vejo nenhum lutador apto a vencê-lo sem usar uma semi-automática, de longa distância e de primeira. Ou então se o Fedor acordar de piriri. Andrei Arlovski (em franca evolução, apesar de eu ainda ter um pé atrás com ele) e Josh Barnett (este não agüenta porrada na cara, imagina do Fedor...) vão disputar o direito de enfrentá-lo. Não colocaria um centavo em nenhum dos dois. Randy Couture sonha encerrar a carreira depois de lutar contra Fedor. Com 46 anos, se o Natural sair vivo, será lucro. O gigante Brock Lesnar seria triturado em pé e finalizado sem sequer entender de onde veio o golpe final. Alistair Overeem trocou o queixo de cristal?

Assim como Floyd Mayweather, que se aposentou do boxe por não ter adversários, talvez Fedor siga no mesmo caminho. Para minha tristeza.

Obs.: este post é um tanto perigoso. Na minha vida inteira, falei apenas uma vez que um lutador pararia sem ser batido. Foi na véspera da luta do Mike Tyson contra o James "Buster" Douglas. Mas frise-se que aquela luta não se deu em "condições normais"!

sábado, 13 de setembro de 2008

Os mais perigosos da heavyweight

Por Antonio Oliveira

Vários sites divulgam rankings mensais de lutadores de MMA baseados no cartel de luta dos mesmos. É um cálculo bastante especulativo, mas que tem seu valor em um mundo de tantas organizações e campeonatos.

No arquiba, resolvi especular mais ainda e divulgar um ranking dos lutadores que considero mais perigosos em cada categoria. A minha classificação é ainda mais subjetiva, pois é baseada na percepção das habilidades de um lutador demonstradas nas muitas ou poucas lutas dele. Assim, um lutador com cartel excelente mas performances recentes ruins pode não ser arrolado na minha lista e um novato promissor pode aparecer entre os Top 10.

A pergunta é: Hoje, quais são os lutadores mais perigosos em cada divisão?

Nome (Vitórias-Derrotas-Empates/No Contest) [Ranking Sherdog, Ranking MMAWeekly, Ranking WAMMA]

1. Fedor Emelianenko (28-1-1) [1,1,1]
Considerado por todos o maior peso-pesado de todos os tempos, o russo continua sendo o lutador mais perigoso em sua divisão. Fedor, que une um kickboxing muito ágil a uma técnica de sambô inigualável, não tem muito mais o que provar. Na Affliction ainda sobram duas lutas interessantes contra Arlovski e Barnett. Além deles, apenas Couture e talvez Antônio Júnior ou Roger Gracie poderiam apresentar algum desafio para o incontestável número 1 absoluto.

2. Antonio “Minotauro” Nogueira (31-4-1) [2,2,2]
A vitória do brasileiro sobre Tim Sylvia e a falta de atividade de Randy Couture consolidaram a posição de Minotauro como o número 2 do mundo. O perigo do Minota pode ser explicado por três aspectos: um boxe muito superior à média no MMA; Um jiu-jitsu que pode não ter as submissões mais bonitas do MMA, mas que conta com uma precisão e timing sem par; O coração de um leão.

3. Andrei Arlovski (13-5-0) [4,4,5]
Um dos lutadores mais completos do MMA parece ter finalmente superado as duas derrotas para Tim Sylvia. Desde então, Andrei garantiu duas vitórias respeitáveis contra Werdum e Ben Rothwell. O bielorusso parece ter aprimorado muito seu boxe e continua sendo um monstro no chão. Arlovski é perigoso de todo o jeito.

4. Randy “The Natural” Couture (16-8-0) [-,-,4]
Há mais de um ano parado, Randy saiu da maioria dos rankings de MMA. Porém, Couture continua sendo o lutador com mais manha dentro do octógono. Ele sabe desenhar um plano bom para cada luta e colocar seus oponentes onde ele quer. A luta dele contra Brock Lesnar responderá se a idade já começou a pesar demais para o Natural.

5. Fabrício Werdum (11-3-1) [6,6,7]
As derrotas para Minotauro e Arlovski desaceleraram a subida de Werdum ao topo. Porém, esse mestre do jiu que já trabalhou com Mirko Cro-Cop e agora treina na Chute-Boxe desenvolveu um kickboxing respeitável e perigoso. Sua próxima luta contra o Cigano poderá alimentar ou destruir a esperança de que ele venha a substituir o Minotauro.

6. Josh Barnett (23-5-0) [5,3,3]
Reconheço que é controverso colocar Barnett em sexto pelo seu respeitável cartel com vitórias sobre Minotauro, Randy Couture e Aleksander Emelianenko. Josh é um excelente kickboxer e wrestler, mas ao contrário dos atletas acima, não parece ser brilhante em nenhum aspecto do jogo. Ele é perigoso por ter um conjunto de técnicas muito bom. Porém, uma vitória sobre Arlovski seguida de uma possível excelente performance contra Fedor poderia calar minha boca e provar que Barnett realmente está entre os três melhores do mundo.

7. Brock Lesnar (2-1-0) [-,-,-]
Brock não aparece listado em nenhum ranking por causa de seu pequeno cartel. Porém, a maneira que ele lavou o chão com o Heath Herring, lutador que deu muito mais trabalho ao Minotauro, mostra ser verdade aquilo que todos temiam. Se por um lado Brock não tem nenhum conhecimento de boxe ou jiu-jitsu e lhe falta muita experiência, por outro, sua técnica de luta, tamanho e agilidade são desafios enormes para qualquer lutador. Lesnar não é favorito ao enfrentar nenhum dos melhores do mundo, ao mesmo tempo é perigoso o suficiente para arrancar uma vitória de qualquer um.

8. Gabriel “Napão” Gonzaga (9-3-0) [7,7,8]
Napão ainda vive das glórias de ter nocauteado Cro-Cop com um chute. Antes e depois disso, Gabriel tem sido consistente, mas não fantástico. É um lutador perigoso pela sua potência e brilhante jiu-jitsu. Não é mais perigoso pela parte física, sempre uma dúvida. Napão frequentemente parece mais lento que seus oponentes. Além disso, precisa melhorar muito sua técnica de boxe para ser uma ameaça maior.

9. Tim Sylvia (24-5-0) [3-5-6]
Injustiçado ou medíocre? Sylvia é aquele lutador suficientemente bom pra ser listado entre os melhores, mas não bom o suficiente para deixar os fãs de MMA ansiosos para vê-lo lutar. Tim é um bom e burocrático kickboxer que pode complicar a vida de lutadores de melhor nível pela sua experiência e envergadura. Enquanto lutar, será um degrau difícil de subir na divisão.

10. Antônio “Júnior” Silva (11-1-0) [-,-,-]
Junto com o Brock, Júnior é o único lutador não rankeado que coloquei nessa lista. Pode parecer ofensa colocar ele em frente do mito Mirko Filipovic, das estrelas Aleksander Emelianenko e Alistair Overeem ou até mesmo do ex-campeão da IFL, Ben Rothwell. Porém, Júnior se torna mais perigoso que todos esses pela mesma razão que Brock: força descomunal. Os 140kg em 1,94m de Antônio colocam ele entre os maiores problemas da divisão. Associe isso a uma eficaz técnica de jiu-jitsu desse pupilo da American Top Team e um kickboxing em contínua evolução e temos uma perigosa promessa do MMA brasileiro.

domingo, 7 de setembro de 2008

Que saudade do Pride...

Randy Couture assinou por três lutas com o UFC para defender seu cinturão, como já foi informado aqui no MMA Brasil pelo Antonio. Dana White, presidente do UFC, casou a primeira delas contra Brock Lesnar, marcado para o UFC 91. Em paralelo, mais uma edição do reality show The Ultimate Fighter, com Antonio Rodrigo "Minotauro" Nogueira e Frank Mir liderando as duas equipes e enfrentando-se ao final.

Os vencedores de Couture-Lesnar e Minotauro-Mir se enfrentarão pelo cinturão dos pesados do UFC. Se der o óbvio, teremos Randy Couture contra Rodrigo Minotauro, em um grande duelo. E depois disso, se der Couture (coisa que duvido muito), a luta final da carreira do americano, um duelo histórico contra Fedor Emelianenko, que lutaria como free agent.

Tudo muito bonito, certo? Mas tem um detalhe. O brasileiro Fabricio Werdum vai lutar a próxima contra Junior Cigano, estreante no evento, no UFC 90. Pelo contrato assinado, caso Werdum vença, sua próxima luta seria pelo cinturão. Quanto tempo Werdum terá que esperar, já que Couture ainda enfrentará Minotauro ou Mir, depois de Lesnar?

Outra pergunta: por que não colocar os inexperientes (ainda mais porque um é estreante!!) para se enfrentar, deixando os veteranos para decidir o cinturão decentemente? Infelizmente a resposta é fácil. O Lesnar, ex-ídolo do WWE, é conhecidíssimo nos EUA. A luta contra Couture é mais negócio (financeiramente falando) para o Dana White. A luta do Couture contra o Werdum seria melhor ao esporte. Mas Dana White não parece se preocupar muito com o esporte.

A luta entre Couture e Lesnar é daquelas furadas para o campeão. Se ele ganhar, bateu um cara que só tem três lutas no MMA. Se perder, será vergonhoso para alguém do nível dele. Lesnar pode ter futuro, é muito grande, mas só ganha do Couture atualmente num acidente (ou se encaixar um cruzado estilo Rashad Evans). Não acredito que aconteça. Acho que Couture vai aproveitar a experiência e o fato de ser velho conhecido do octógono para cansar o gigante para detoná-lo num clinch.

Como fã de boxe, acho que fiquei meio traumatizado. Vejo o Dana White com o mesmo pensamento que um dia guiou gente como Don King, que ajudou a afundar a Nobre Arte. Como alguns lutadores não tinham chance de lutar pelo título se não fossem contratados por King, independente do ranking, uma profusão de entidades começou a pipocar, para dar chance a todos de tentar o título mundial, como se cinturão fosse banana, vendido em feira. O UFC vai colocar um lutador com três lutas como profissional para disputar o cinturão. Enquanto isso, o meio-pesado Lyoto Machida, invicto em 13 lutas, não consegue sua chance. Isso sem entrar no mérito de algumas decisões contestáveis.

Ah, que saudade do Pride...

sábado, 6 de setembro de 2008

Para assombrar o mundo!


Amanhã, direto de Atlanta, no estado da Georgia, vai acontecer o UFC 88: Breakthrough. Esta edição trará como luta principal o desafio entre os meio-pesados Chuck Liddel, ex-campeão do UFC e o invicto Rashad Evans, com 11 vitórias e um empate. Mas, pelo menos para mim, esta não será a principal luta do card. O UFC 88 está marcado para chocar o mundo do MMA.

Para minha tristeza, o armênio Karo Parisyan se contundiu e não vai lutar contra o japonês Yoshiyuki Yoshida. Seria uma bela luta, entre duas escolas tradicionais de judô, com grandes representantes. Não consigo entender como um cara se machuca na antevéspera da luta, mas vamos nos ater ao que vai acontecer.

Como de costume, os palpites do Arquiba, pelo menos para as lutas principais. O ex-campeão da Middleweight, Rich Franklin encara Matt Hamill pela Light Heavyweight. Varrido da Middle por Anderson Silva, Franklin busca reencontrar seu lugar ao sol e é o favorito para esta luta. Ele deve tentar manter a luta em pé o maior tempo possível. Hamill deve partir para o takedown e levar a luta para decidir no chão. Palpite do Blog: vitória de Franklin por nocaute.

A luta principal do card (para o evento, não para mim) deverá apontar o próximo desafiante do cinturão de Forrest Griffin. Apesar de invicto, não acho Evans grandes coisas. Sem contar o fato que ele tem o estilo preferido de adversário para Liddel. O Iceman cansou de detonar wrestlers graças à sua incrível habilidade de takedown defense. Liddel costuma nocautear este tipo de adversário sem passar muito tempo no chão. Mas, no fim de tudo, quem ganhar pega Griffin, para decidir quem vai entregar o título da Light Heavy pro Lyoto Machida. Palpite do Blog: vitória de Liddel por nocaute.

Agora, vamos ao prato principal, the main event of the evening (como diz o grande Bruce Buffer), o grande clássico do MMA, Brasil x EUA, jiu-jitsu x wrestling, pela Middleweight. O ex-campeão do Pride, ex-campeão olímpico de luta olímpica, 38 anos, Dan Henderson, encara um adversário com apenas uma luta no UFC, mas osso duríssimo, o brasileiro Rousimar Palhares. Os americanos armaram esta luta colocando um adversário teoricamente inexperiente para levantar a moral de Hendo, que vem de duas derrotas seguidas, uma delas humilhante para Anderson Silva, quando todos esperavam maior resistência dele. Mas Toquinho é um cara que nasceu para ser campeão. Veio de Dores do Indaiá, interior de Minas, onde trabalhou na lavoura e passou fome. Se apaixonou pelo MMA ao ver o UFC 3, há 15 anos. Entrou para a BTT, onde treina jiu-jitsu com Murilo Bustamante, ex-campeão dos médios do UFC, wrestling com Antoine Jaoude e Bebeo Duarte, boxe com Claudio Coelho, além de Muay Thai. Ou seja, só treina com fera! Agora, a única fome que conhece é a de vitórias. Vai ser conhecido em breve como o maior finalizador do mundo. Tem capacidade para decidir lutas no chão em qualquer posição. Sua única luta no UFC até hoje lhe rendeu o prêmio de finalização mais rápida da história do evento. E isso que Hendo vai aprender do pior modo possível. Excelente no clinch, o americano deve tentar levar a luta para a guarda e fazer o tempo passar. Mas vai ser aí que a chapa vai esquentar pro lado dele. O carrapato Toquinho vai grudar e partir pra explosão que o caracteriza. Palpite do Blog: finalização por leg-lock do Toquinho, travado no tornozelo do Hendo, que não vai nem entender quem ou o que o pegou. Apostei 10 pilas com um cara. Depois dessa, mais três lutas e... abre o olho, Anderson Silva!

Fiquem de olho: Premiere Combate, ao vivo, apenas em pay-per-view.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Couture retorna ao UFC

Por Antonio Oliveira

Como estava sendo especulado nos últimos dias em sites especializados, ontem Dana White, presidente do UFC, anunciou o retorno de Randy "The Natural" Couture ao octógono.

Randy deixou o UFC há mais de um ano, reclamando do quanto lhe pagavam e da incapacidade de organizarem uma luta dele contra Fedor Emelianenko, considerado o maior peso-pesado de todos os tempos.

O "Natural" entrou em uma batalha legal com a organização que durou mais de um ano. Porém, farto de perder tempo nos tribunais e ciente de sua idade avançada, o lutador de 45 anos cedeu.

"[Eu] estava ficando frustrado com nosso sistema legal e ficando cansado de colocar dinheiro em advogados sem ter, no sistema legal, perspectiva de um fim. Eu quero lutar. É isso que faço, é isso que faço melhor", comentou.

Couture assinou um contrato de três lutas com o UFC. A primeira delas será contra Brock Lesnar no dia 15 de novembro, encabeçando o card do UFC 91. O site da organização já anunciou que o lutador defenderá seu cinturão nessa luta.

Randy também comentou que ainda tem esperanças de lutar contra Fedor dentro do UFC.

Quem levou desvantagem nessa história foi o brasileiro, Antonio Rodrigo "Minotauro" Nogueira. Com a saída do "Natural", o UFC promoveu uma luta de Antonio Nogueira contra Tim Sylvia pelo cinturão da organização. O brasileiro ganhou e defenderia seu título contra Frank Mir no dia 27 de dezembro desse ano.

Com o novo desenrolar dos fatos, "Minotauro" perdeu seu cinturão e a luta dele com Frank Mir perdeu seu valor. Agora, para reconquistar seu título, Nogueira deverá ganhar de Mir no final do ano e depois derrotar o vencedor do dia 15 de novembro.

Fontes: www.ufc.com; www.mmaweekly.com

domingo, 20 de julho de 2008

Não teve nem graça

Quem aguardou ansiosamente pelas lutas de ontem, tanto no UFC Fight Night 14 quanto na estréia do Affliction Banned, ficou desapontado. Anderson Silva e Fedor Emelianenko fizeram o que deles se esperava: trituraram seus adversários. Mas acho que ninguém achava que seria tão fácil.

O Spider Anderson Silva fez sua estréia na categoria Light Heavyweight contra James Irvin. O americano havia dito que iria mostrar a Anderson o motivo pelo qual existem categorias de peso. Ele esqueceu que existe também diferença de categoria, de técnica. Em apenas 1 minuto de luta, Anderson defendeu com maestria um chute de Irvin e encaixou um direto de direita na ponta do queixo, que o mandou para a lona. Com a mão esquerda, Spider segurou os pés de Irvin e com a direita encheu o cidadão de socos. Rapidamente o árbitro encerrou a luta por nocaute técnico.



Já em Anaheim a luta foi ainda mais rápida. Fedor, que lutava contra um adversário muito mais qualificado que Irvin e muito maior que o próprio Fedor, destruiu Tim Sylvia (antigo bicampeão do UFC na categoria Heavyweight) em incríveis 36 segundos de luta.

Fedor levou 13 segundos analisando o Maine-Iac, dominando o centro do ringue. De repente o russo explodiu, encaixando uma seqüência devastadora, que começou com um cruzado violetíssimo, que entrou em cheio no queixo de Silvya, seguido por dois uppers não menos potentes. O que se viu depois foram 5 segundos (isso mesmo!) de uma seqüência de toda a sorte de socos, em que todos encontraram o alvo, a cabeça de Sylvia. Tim desabou, Fedor partiu alucinadamente para tentar montar, encaixou o ground and pound e encheu Sylvia ainda mais de socos. Ao tentar virar e dar as costas para o russo, o americano assinou seu atestado de óbito: Fedor encaixou uma asfixia espetacular, fazendo Sylvia desistir.

Abaixo o vídeo completo da luta, com narração em japonês (ou seria coreano?), inclusive com a apresentação do lendário Michael Buffer. Let's get ready to rumble!



Anderson Silva e Fedor Emelianenko mostram que continuam sem adversários. Por lutar em categorias mais leves, talvez o Spider enfrente alguns lutadores que possam dar trabalho, como o brasileiro invicto Lyoto Machida na Light Heavyweight, ou o monstro canadense Georges St. Pierre poderia subir para a Middleweight. Mas acho que Fedor não tem nenhum peso-pesado que possa vencê-lo. Talvez Rodrigo "Minotauro" Nogueira, mas agora em eventos concorrentes (Minotauro é o campeão interino dos pesados do UFC), vai ficar mais difícil vermos a quarta luta entre eles.

sábado, 19 de julho de 2008

Affliction Banned: O Retorno do Último Imperador


Neste sábado acontece em Anaheim, California, o Affliction Banned, novo evento de MMA em parceria com a M-1 (organizadora do K-1) que chega para concorrer com o UFC. E o início não podia ser melhor. O Affliction simplesmente traz de volta aos ringues o supercampeão russo Fedor Emelianenko, que fez história no Pride e afastado desde que se recusou a lutar no UFC quando Dana White comprou o evento japonês e o extinguiu. Seu adversário também não foi achado na esquina. Fedor vai medir forças contra Tim "The Maine-Iac" Sylvia, antigo bicampeão do UFC na categoria pesado, que foi derrotado por Rodrigo "Minotauro" Nogueira no UFC 81, em março.

Fedor é considerado o melhor lutador de MMA do mundo nos últimos 5 anos, com um cartel impressionante de 28 vitórias e apenas 1 derrota no já distante ano de estréia, em 2000. Ainda teve um "no contest" contra Minotauro. Já venceu gigantes como Mirko "Cro Cop" Filipovic, Minotauro, Mark Coleman, Ricardo Arona, Kevin Randleman, dentre outros.

A aparência desajeitada e uma silhueta um pouco gorda na verdade esconde um monstro. Fedor tem socos extremamente velozes e potentes, uma disposição fora do comum e uma habilidade gigante no ground and pound. Deixar o Fedor montar é praticamente assinar o atestado de óbito. Além disso tudo, o russo se defende muitíssimo bem.

Eu apostaria em Fedor com um pé nas costas contra Sylvia. Mas o tempo longe dos ringues torna a luta uma incógnita. Ninguém sabe se Fedor sentirá o ritmo ou se virá faminto para atropelar mais um coitado. Só sabemos que o Último Imperador vai brindar o público com outro grande espetáculo.

Além desta grande luta, ainda teremos no Fight Card outros excelentes combates, com ótimos lutadores: Josh Barnett contra Pedro Rizzo, Matt Lindland contra Fabio Negão e Renato "Babalu" Sobral contra Mike Whitehead. Infelizmente nenhum canal brasileiro vai transmitir o evento.