domingo, 20 de julho de 2008

Não teve nem graça

Quem aguardou ansiosamente pelas lutas de ontem, tanto no UFC Fight Night 14 quanto na estréia do Affliction Banned, ficou desapontado. Anderson Silva e Fedor Emelianenko fizeram o que deles se esperava: trituraram seus adversários. Mas acho que ninguém achava que seria tão fácil.

O Spider Anderson Silva fez sua estréia na categoria Light Heavyweight contra James Irvin. O americano havia dito que iria mostrar a Anderson o motivo pelo qual existem categorias de peso. Ele esqueceu que existe também diferença de categoria, de técnica. Em apenas 1 minuto de luta, Anderson defendeu com maestria um chute de Irvin e encaixou um direto de direita na ponta do queixo, que o mandou para a lona. Com a mão esquerda, Spider segurou os pés de Irvin e com a direita encheu o cidadão de socos. Rapidamente o árbitro encerrou a luta por nocaute técnico.



Já em Anaheim a luta foi ainda mais rápida. Fedor, que lutava contra um adversário muito mais qualificado que Irvin e muito maior que o próprio Fedor, destruiu Tim Sylvia (antigo bicampeão do UFC na categoria Heavyweight) em incríveis 36 segundos de luta.

Fedor levou 13 segundos analisando o Maine-Iac, dominando o centro do ringue. De repente o russo explodiu, encaixando uma seqüência devastadora, que começou com um cruzado violetíssimo, que entrou em cheio no queixo de Silvya, seguido por dois uppers não menos potentes. O que se viu depois foram 5 segundos (isso mesmo!) de uma seqüência de toda a sorte de socos, em que todos encontraram o alvo, a cabeça de Sylvia. Tim desabou, Fedor partiu alucinadamente para tentar montar, encaixou o ground and pound e encheu Sylvia ainda mais de socos. Ao tentar virar e dar as costas para o russo, o americano assinou seu atestado de óbito: Fedor encaixou uma asfixia espetacular, fazendo Sylvia desistir.

Abaixo o vídeo completo da luta, com narração em japonês (ou seria coreano?), inclusive com a apresentação do lendário Michael Buffer. Let's get ready to rumble!



Anderson Silva e Fedor Emelianenko mostram que continuam sem adversários. Por lutar em categorias mais leves, talvez o Spider enfrente alguns lutadores que possam dar trabalho, como o brasileiro invicto Lyoto Machida na Light Heavyweight, ou o monstro canadense Georges St. Pierre poderia subir para a Middleweight. Mas acho que Fedor não tem nenhum peso-pesado que possa vencê-lo. Talvez Rodrigo "Minotauro" Nogueira, mas agora em eventos concorrentes (Minotauro é o campeão interino dos pesados do UFC), vai ficar mais difícil vermos a quarta luta entre eles.

sábado, 19 de julho de 2008

Affliction Banned: O Retorno do Último Imperador


Neste sábado acontece em Anaheim, California, o Affliction Banned, novo evento de MMA em parceria com a M-1 (organizadora do K-1) que chega para concorrer com o UFC. E o início não podia ser melhor. O Affliction simplesmente traz de volta aos ringues o supercampeão russo Fedor Emelianenko, que fez história no Pride e afastado desde que se recusou a lutar no UFC quando Dana White comprou o evento japonês e o extinguiu. Seu adversário também não foi achado na esquina. Fedor vai medir forças contra Tim "The Maine-Iac" Sylvia, antigo bicampeão do UFC na categoria pesado, que foi derrotado por Rodrigo "Minotauro" Nogueira no UFC 81, em março.

Fedor é considerado o melhor lutador de MMA do mundo nos últimos 5 anos, com um cartel impressionante de 28 vitórias e apenas 1 derrota no já distante ano de estréia, em 2000. Ainda teve um "no contest" contra Minotauro. Já venceu gigantes como Mirko "Cro Cop" Filipovic, Minotauro, Mark Coleman, Ricardo Arona, Kevin Randleman, dentre outros.

A aparência desajeitada e uma silhueta um pouco gorda na verdade esconde um monstro. Fedor tem socos extremamente velozes e potentes, uma disposição fora do comum e uma habilidade gigante no ground and pound. Deixar o Fedor montar é praticamente assinar o atestado de óbito. Além disso tudo, o russo se defende muitíssimo bem.

Eu apostaria em Fedor com um pé nas costas contra Sylvia. Mas o tempo longe dos ringues torna a luta uma incógnita. Ninguém sabe se Fedor sentirá o ritmo ou se virá faminto para atropelar mais um coitado. Só sabemos que o Último Imperador vai brindar o público com outro grande espetáculo.

Além desta grande luta, ainda teremos no Fight Card outros excelentes combates, com ótimos lutadores: Josh Barnett contra Pedro Rizzo, Matt Lindland contra Fabio Negão e Renato "Babalu" Sobral contra Mike Whitehead. Infelizmente nenhum canal brasileiro vai transmitir o evento.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Anderson Silva estréia na Meio-Pesado no UFC Fight Night


Depois de aniquilar Dan Henderson, campeão do Pride, o único Middleweight que diziam poder lhe fazer frente, Anderson "The Spider" Silva vai encarar um desafio maior (pelo menos na balança): vai encarar James "The Sandman" Irvin pela categoria Light Heavyweight (até 93kg), no UFC Fight Night de sábado, 19 de julho, em The Pearl, Nevada. O evento será transmitido ao vivo pelo canal Premiere Combate em pay-per-view, a partir das 23h.

Depois de surrar todos os pesos médios no UFC (Rich Franklin duas vezes), Anderson ficou sem adversário em sua categoria. A esperança de alguém vencê-lo estava depositada em Hendo, que chegou ostentando o cinturão do Pride e a posição de ter sido o único homem na história do UFC a ser campeão em duas categorias diferentes simultaneamente (no caso, médio e meio-pesado). Mas o que se viu no UFC 82 foi uma vitória categórica do Spider por finalização no segundo round.

Considerado o melhor striker do mundo, faixa preta de Jiu-Jitsu, com condicionamento físico perfeito e o melhor lutador de MMA em qualquer peso, Anderson deve vencer sem muita dificuldade em sua estréia na categoria dos meio pesados. Irvin deve tentar se aproveitar a deficiência do Anderson no wrestling ou acertar um de seus tremendos socos.

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18/07/2008: Acabei de ficar sabendo que este evento será transmitido pela TV aberta nos EUA. É mais um passo na popularização do MMA, tomando o espaço que um dia foi do boxe.

domingo, 13 de julho de 2008

Rest In Peace


Um post de boxe, como assim? O Alexandre ficou louco? Quem se interessa por isso?

Estas perguntas, inimagináveis até os anos 80, infelizmente tornaram-se comuns mundo afora. Até mesmo amantes de lutas perderam o interesse pelo boxe, que já foi um esporte de massa. Hoje em dia o MMA tomou o lugar que um dia foi da Nobre Arte.

Desde pequeno sou fã de lutas em geral e do boxe em particular. Tive inclusive vontade de me tornar lutador (vontade que vem sendo parcialmente consumada, depois que passei a treinar numa academia perto de casa, como um exercício complementar à musculação e anti-estresse). Cansei de ficar acordado até tarde da noite vendo lutas na Bandeirantes, no SBT, na Globo. Mas com o passar do tempo, ver lutas virou quase uma caçada ao Santo Graal. Chegou ao ponto que até para ler notícias ficou difícil. São raríssimas publicações em língua portuguesa, até mesmo online, que gastam algumas linhas com o boxe. Até o site Ringue, que muito me informou, está encerrando suas atividades. Só nos resta os portais estrangeiros.

Mas o que causou esta queda? Cartéis forjados, lutas arranjadas, entidades de fachada que fabricam campeões idem, empresários sórdidos e inescrupulosos que só pensam em ganhar dinheiro às custas do esforço alheio, falta de ídolos. Motivos que tornaram o boxe um produto de baixo interesse não faltam. No Brasil, com sua pobre cultura esportiva, o boxe é inviável. Acelino “Popó” Freitas foi o último suspiro do boxe no Brasil, mas só porque era um brasileiro bem colocado no cenário mundial. Depois dele, mais nada.

A total falta de cobertura das TVs abertas ajudou no declínio da modalidade. Mas se pensarmos bem, será que as TVs estão erradas? Como podemos cobrar transmissão de eventos em um esporte totalmente desacreditado? Atualmente existem tantas entidades promovendo rankings que qualquer luta vale por um título mundial. Na maioria das vezes confronta dois pugilistas pernas-de-pau (ou seria mãos-de-pau?). Realmente não tem quem ature uma coisa dessas.


Vejam a que nível chegamos. Quem é o número 1 do ranking mundial de tênis? Resposta fácil, Roger Federer. E o atual campeão mundial de Formula-1? Todos sabem que é Kimi Raikonen. O número 1 do surfe? Kelly Slater.

Agora me respondam: quem é o atual campeão mundial dos pesados de boxe? Wladimir Klitschko? Ruslan Chagaev? Samuel Peter? A resposta é: todos eles! Mas já não foi assim. Rocky Marciano era O campeão mundial dos pesados, assim como Muhammad Ali, Joe Louis, Mike Tyson, dentre outros. Não tinha essa de vários campeões, era um só e todos miravam nele para tentar o título. Até mesmo nos filmes é assim: Rocky Balboa era o campeão mundial, não tinha outro.


Diferente da ATP no tênis, da FIA na F1 e da ASP no surfe, o boxe não tem uma entidade respeitável organizando o esporte. São várias entidades e nenhuma delas respeitável, diga-se de passagem. WBC, WBA, IBF, WBO, IBC, IBA, WBF, WBU, é uma verdadeira sopa de letrinhas repleta de vigaristas, inclusive dentro dos ringues, o que é mais triste.

Imagine você, amigo leitor, sentado confortavelmente no sofá de sua casa num sábado de noite, para ver uma programação de lutas, que vai culminar com a decisão do título mundial. A última preliminar envolve um lutador japonês e um alemão. No quinto assalto o japonês nocauteia o alemão. O árbitro interrompe a luta, espera 30 segundos para que o alemão se recuperasse e reinicia o combate, diante da incredulidade do japonês (e de quem via a luta). O japonês venceu com sobras todos os demais assaltos, mas não conseguiu o nocaute. O resultado final foi uma vitória por decisão unânime do alemão.

Não, amigo, você não leu mal. E não, eu não estou inventando uma história. Isso realmente aconteceu e se repete mundo afora, numa quantidade desagradável. Como você se sente como telespectador, que deixou de sair com os amigos para curtir lutas na TV?


Não raro um lutador entrega uma luta a pedido do empresário. Lutadores vão à lona sem terem sido atingidos para tal. O árbitro conta 10 e encerra o combate. O “vencedor” comemora, na maior cara-dura. O cidadão que pagou ingresso se sente lesado. E provavelmente nunca mais volta para ver outra luta. Não vai participar de uma patranha dessa nunca mais.

Esta situação deplorável faz com que pessoas sérias percam a confiança no esporte. Por este motivo o Arquibancada Digital não dá credibilidade a nenhuma das entidades que "organiza" o boxe. Sempre citaremos o ranking computadorizado da IBO, uma entidade que não regula o boxe, não vende cinturões a empresários e categoriza os lutadores baseado apenas em dados objetivos, como o cartel. Veja aqui a declaração da missão da IBO. Esta organização quer trazer de volta ao boxe as palavras Integridade, Honestidade e Verdade, tão em falta no esporte.

O boxe respira por aparelhos. De vez em quando ainda aparece alguém que transcende esta confusão, como Oscar de la Hoya, Floyd Mayweather, Manny Pacquiao. Inclusive andei lendo que ainda em 2008 poderemos ver a revanche entre os gênios De la Hoya e o invicto Mayweather.

Enquanto isso o MMA agradece e segue crescendo, organizado, rico, sem falcatruas, tomando o interesse dos ex-amantes do boxe.

sábado, 12 de julho de 2008

Wladimir Klitschko parte para unificar títulos dos pesados de boxe

Na tarde de hoje, o ucraniano Wladimir Klitschko manteve seu cinturão de campeão mundial dos pesados de boxe, ao nocautear seu antigo sparring americano Anthony “The Tiger” Thompson com uma direita a 1:38min do 11º assalto, em Hamburgo, Alemanha.

Klitschko (IBO #1), com um cartel agora de 51 vitórias e 3 derrotas, detentor dos cinturões da IBO, IBF e WBO, teve mais dificuldades do que o previsto na luta, principalmente depois de uma batida acidental de cabeça, que deixou ambos os lutadores sangrando no olho direito. No quinto assalto, quando o ferimento já estava contornado, Thompson (IBO #11) acertou uma bela seqüência, finalizando com um gancho, que deixou machucado o olho esquerdo de Wladi. No final da luta, o campeão brincou com a situação, dizendo que não tinha um olho roxo há muito tempo e que agora parecia um lutador de verdade.

A partir do sétimo assalto, Wladi tomou conta da luta (já vinha vencendo por pontos). Na seqüência, ambos cansaram. No décimo-primeiro assalto, Klitschko tirou um coelho da cartola, mostrando uma energia que veio não se sabe de onde e mandou o adversário para a lona.

Agora Wladi parte para unificar os principais cinturões mundiais. Já começa a mirar o usbeque Ruslan Chagaev (IBO #2), campeão mundial pelo WBA. Em paralelo, o irmão de Wladi, Vitali, prepara sua volta aos ringues para outubro, contra o nigeriano Samuel Peter (IBO #4), campeão do WBC. Se Vitali vencer, encerra (ou pelo menos adia) o sonho de unificação do irmão, pois Wladi prometeu à mãe que nunca enfrentaria Vitali.


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O Arquibancada Digital não reconhece nenhuma das entidades que controla o boxe. Algumas vezes citaremos quando um lutador dentre os principais conquistar um cinturão. Sempre citaremos o ranking isento da IBO, que não tem nenhuma relação com tais entidades. Explicarei isso no próximo post.