segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Notas da Semana (2)

16 a 22 de fevereiro de 2009

Fedor – Essa semana o rumor envolvendo o russo fala de uma possível luta contra o atual campeão do UFC, Brock Lesnar. Durante a semana os internautas postaram como loucos nos fóruns de MMA sobre o assunto. A única coisa que Fedor declarou de fato foi: “Eu e meus agentes esperamos ter uma chance de falar pessoalmente com Dana White [presidente do UFC] em junho para discutir uma possível luta entre eu e Brock.” (fonte: DreamFighters.com). Porém, ainda o mais provável é que Fedor enfrente Josh Barnett no Affliction 3 em julho. Segundo o site MMAFighting.com, as negociações para essa luta estão se realizando bem.

StrikeforceJake Shields, um dos 10 melhores meio-médios do mundo, enfrentará Joe Riggs no evento do dia 11 de abril cuja luta principal será Frank Shamrock x Nick Diaz.

Gegard Mousasi – O lutador considerado um dos melhores médios do mundo anunciou que está subindo de peso, pensando em lutar entre o meio-pesados e pesados. O atleta de apenas 23 anos estará abrindo mão do cinturão da categoria pela Dream. Já rondam pela internet rumores de uma luta catchweight com Vítor Belfort.

UFC 95 – Ingleses e brasileiros comemoraram muito os resultados do último UFC no sábado. Ambos países saíram com 3 lutadores vitoriosos nos 10 combates realizados. Esses novos lutadores britânicos no UFC e a nova safra sendo produzida no Ultimate Fighter atual são indicativo de quanto a organização deseja que o esporte se espalhe pela ilha. Os brasileiros não podem reclamar, pois Paulo Thiago encontrou uma vitória inesperada, Júnior dos Santos fincou o pé no octógono e Demian Maia melhora a cada luta, aparentando ser o cara pra pegar o bastão de Anderson Silva e correr com ele por algum tempo.

Fala Demian Maia! – Por falar no lutador brasileiro da semana, essa semana ele explicou a razão do seu sucesso ao Sherdog.com: “A diferença entre eu e outros faixa preta é que eu verdadeiramente creio que o jiu-jítsu pode ser usado em todos os aspectos do MMA porque foi criado pra isso. Se você treinar duro, funcionará.”

UFC 97 Confirmado! – A Comissão Atlética de Quebec pediu chegou a um acordo com o UFC e confirmou em Montreal o evento cuja atração principal é a luta entre os brasileiros Anderson Silva e Thales Leites. A única concessão feita pelo UFC foi banir pisadas, concessão que já fora feita para os UFC anteriores no local.

UFC 99 – Mirko Filipovic, o Cro Cop, afirmou que lutará no evento e que seu provável oponente será Randy Couture (entrevista em croata publicada com trechos traduzidos no Dream Fighters.com). Além desse embate, o site MMA Weekly afirmou que Wanderlei Silva e Rich Franklyn concordaram em lutar nesse primeiro UFC na Alemanha. Outras duas lutas que podem compor o evento são entre os leves Spencer Fisher x Caol Uno e B.J. Penn x Kenny Florian.

UFC 95 Sanchez vs Stevenson: Resultados

O evento de sábado foi bastante interessante. Todos os brasileiros se apresentaram bem e quase todos saíram com vitórias. As lutas foram boas e, por terem sido curtas, conseguimos ver todas elas.

Paul Kelly derrotou Troy Mandaloniz via Decisão (30-27, 30-27 e 30-28)
Os dois lutadores fizeram uma luta interessante, começando num ritmo rápido com muita trocação. Kelly dominou em pé e levou a luta para o chão nos 3 rounds, de onde acertou diversos golpes em Troy que tentou algumas submissões sem sucesso. Luta boa pela quantidade de atividade dos atletas, mas sem muita técnica.

Mike Ciesnolevicz derrotou Neil Grove via Chave de Tornozelo aos 1:03, R1
Como esperado, Mike levou a luta rapidamente para o chão onde Mike tentou uma chave de tornozelo, Neil conseguiu sair e, por sua vez tentou aplicar o mesmo golpe, mas ao fazê-lo Neil deixou sua próprio perna sobrando. Mike percebeu o vacilo e rapidamente aplicou uma torção de tornozelo cruzada em Grove que bateu tarde e saiu da luta mancando bastante.

Evan Dunham derrotou Per Eklund via TKO aos 2:13, R1
Luta rápida, Eklundo começou com um cruzado que derrubou Evan. Mas no chão Dunham aplicou uma guilhotina e conseguiu sair da situação de perigo. De volta em pé, foi a vez de Evan acertar um cruzado que levou Eklundo ao chão. Dunham não perdoou e continuou golpeando sem encontrar defesa, forçando o juiz a parar a luta.

Júnior dos Santos derrotou Stefan Struve via TKO aos 0:54, R1
Stefan demonstrou um kickboxing amador não conseguiu acompanhar as mãos de Júnior e acabou atropelado por socos. Acuado, foi balançado por um cruzado de esquerda e derrubado por um direto de direita antes do juiz parar a luta. Apesar do holandês estar consciente no momento final, era claro que Stefan não estava conseguindo se defender.

A vitória é importante para manter Júnior no UFC. Porém, tendo lutado menos de 3 minutos pela organização, ainda estamos para ver tudo aquilo que esse brasileiro realmente é capaz.

Terry Etim derrotou Brian Cobb via TKO aos 0:10, R2
No primeiro round Cobb tentou levar a luta para o chão e conseguiu por duas vezes, mas não conseguiu se manter ativo na posição. De pé, Etim acertou diversos chutes potentes nas pernas de Brian. Na abertura do segundo round, Terry acertou um chute na cabeça que derrubou Brian, Etim acerta vários socos no oponente caído e a luta chega ao final.

Paulo Thiago derrotou Josh Koscheck via TKO aos 3:29, R1
Os dois lutadores começaram se estudando bastante, Koscheck buscando a aproximação e Thiago circulando e mantendo a distância. O brasileiro parecia acuado em pé, Koscheck entrava e conseguia acertar alguns golpes. Thiago respondia com chutes na perna e tentava entrar com um jab, mas ainda desconfortável. Parecia que americano conseguiria uma vitória por KO a qualquer momento e, logo quando Joe Rogan critivaca o boxe do brasileiro, Koscheck entrou para jabear e encontrou um gancho monstro de Thiago que emendou com um cruzado de esquerda. O americano caiu de olhos virados e o juiz parou a luta.

A parada foi a mais polêmica de uma noite cheia de paradas que foram disputadas. Porém, dificilmente Koscheck se recuperaria do golpe, o juiz apenas evitou mais punição para o americano. Importantíssima vitória para o brasileiro que vence um dos 5 melhores meio-médio do mundo em sua estréia no UFC.

Demian Maia derrotou Chael Sonnen via Triângulo aos 2:37, R1
Maia chuta o corpo de Chael que o empurra para o chão, mas permite que o brasileiro se levante. O wrestler americano demonstra muito respeito pelo jiu de Demian e se recusa ir para o chão, mesmo caindo por cima. Maia tenta aplicar uma bahiana de qualquer jeito e acaba na guarda. Chael tenta se levantar e, depois de tomar um soco na guarda, consegue. Maia pressiona e coloca Chael contra a grade e ali Maia finaliza a luta de forma absolutamente genial. Ele vai para o clinch e dá uma belíssima queda lateral, matando o braço esquerdo de Chael e passando sua perna direita sobre o ombro do americano, preparando um triângulo. Armadilha armada, Chael tenta sair de baixo e Demian se deixa raspar, puxando a guarda e fechando o triângulo.

Maia está em outro nível. Tem 5 lutas no UFC, 5 vitórias e 5 submissões (4 delas ganharam o prêmio de submissão da noite). O paulistano tem tanta confiança em seu jiu-jítsu que é dos poucos lutadores de MMA que ainda entra para o clinch de qualquer jeito, sem se importar se acabará por baixo. Nos fóruns muita gente já o aponta como o lutador pra bater Anderson Silva.

Nate Marquardt derrotou Wilson Gouveia via TKO aos 3:10, R3
Os dois lutadores começam se estudando, mantendo a distância e chutando. Marquardt se move mais e busca o contra-ataque enquanto Wilson o persegue num ritmo constante pelo octógono. Em três oportunidades, Marquardt tenta contra-golpear com um Super-homem, na última delas caindo numa guilhotina no minuto final. Nate consegue escapar da submissão e golpear o brasileiro no final do round. No segundo round Gouveia parece sentir o cansaço enquanto Nate aumenta o ritmo. O americano tomou as costas do brasileiro, deu cotoveladas no chão, tentou uma guilhotina e acertou uma série de socos, chutes e joelhadas no brasileiro que fez pouco. No último round, como de costume, Gouveia parecia exausto, o fim parecia eminente e veio através de uma combinação que começou com uma joelhada voadora e, depois de vários chutes, colocou um exaurido Wilson sentado contra a grade.

Se por um lado a luta deixou claro que Wilson teria condições técnicas de almejar algo maior no UFC, parece que ele nunca terá a disciplina suficiente para fazê-lo. Com a vitória, Marquardt volta a se colocar em posição de desafiante. Se o UFC seguir o mais lógico, Yushin Okami deve ser o próximo a lutar contra o campeão e Maia x Marquardt determinaria o desafiante seguinte.

Dan Hardy derrotou Rory Markham via TKO aos 1:09, R1
Hardy vem focado para tentar uma vitória em casa, mas fica na defensiva, obviamente buscando explorar um contra-golpe no jogo de Markham que é cheio de buracos. E é exatamente isso que acontece, quando Rory erra, é pego com um cruzado de esquerda perfeito que o leva a lona. O inglês cobre o oponente de socos e o juiz intervém.

Diego Sanchez derrotou Joe Stevenson via Decisão (29-28, 29-28 e 30-27)
O péssimo planejameno de Joe Stevenson fez com que ele desperdiçasse mais uma oportunidade de brilhar no UFC. Durante os três rounds da luta Joe apenas perseguiu Diego com jabs e, de vez em quando, aplicando algumas combinações com as mãos. Joe não deu um chute ou tentou quedar Diego, apenas reagia a seu oponente que mostrava um jogo muito mais variado. Sanchez se movimentou bastante, usou as mãos, as pernas e levou a luta pro chão quando quis. A luta teve seus momentos mais emocionantes nos poucos momentos em que os lutadores tiveram de usar jiu-jítsu.

Ainda não se pode afirmar que Sanchez é uma força na divisão. A apresentação do lutador não foi ruim, mas a impressão é que a vitória veio muito mais pela previsibilidade de Stevenson do que pela destreza de Sanchez.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

UFC 95 Sanchez vs Stevenson: Card Principal

De volta à O2 Arena, em Londres, o UFC chega à edição 95 com um card sem grandes nomes, mas repleto de promessas. Assim como já foi mostrado pelo Antonio no card preliminar, nas lutas principais o panorama não será diferente. Além da luta principal entre os leves Diego Sanchez e Joe Stevenson, poderemos acompanhar o duelo dos médios que podem trazer algum barulho para a divisão, Damien Maia e Chael Sonnen. Maia se juntará a Wilson Gouveia, Paulo Thiago e Junior Cigano como os representantes nacionais no evento.

Paulo Thiago vs Josh Koscheck

Revelado no Jungle Fight e empresariado por Wallid Ismail, o meio-médio Thiago faz sua estréia no UFC encarando uma pedreira. O policial brasiliense aposta no fator surpresa para vencer, já que Kos declarou que nada sabe sobre o brasileiro. Para defender sua invencibilidade de dez lutas no MMA, Thiago precisará contar muito com seu queixo de aço para aguentar a pressão do adversário e leva-lo para o chão, onde se sente em casa (venceu 7 das 10 lutas por finalização).

Kos levará seu conhecido estilo alucinado para o octógono. Revelado na primeira temporada do The Ultimate Fighter, Josh vai tentar pressionar o brasileiro a qualquer custo e utilizar muito suas técnicas de defesa de queda para neutralizar o ponto forte do adversário.

Depois de declarar que nunca estuda nada sobre seus adversários e dizer que sequer viu uma foto de Paulo Thiago, Koscheck merece tomar uma lição para aprender que o MMA está no meio de uma revolução e que ele, com este comportamento, anda na contramão da evolução. Apesar disso, o americano leva amplo favoritismo nas casas de aposta.

Damien Maia vs Chael Sonnen

Sonnen é um wrestler, ex-atleta obscuro do UFC que foi "rebaixado" para o WEC. No evento menor, não obteve grandes resultados até novembro último, quando tirou a invencibilidade do brasileiro Paulo Filho, tido por muitos como único capaz de vencer Anderson Silva na divisão dos médios. Esta vitória o trouxe de volta ao UFC. Sonnen é membro da Team Quest, equipe que tem três lutadores batidos pelo adversário de sábado.

O brasileiro Damien Maia, formado em jornalismo, defende uma invencibilidade de dez lutas no MMA. Seu estilo clássico de jiu-jitsu chama atenção. Quem viu a facilidade com que o faixa preta derrotou Nate Quarry no UFC 91 pode comprovar o estilo preferido de Demian, de finalizar o adversário sem se machucar e sem machucá-lo, como prega a filosofia da arte suave. O paulista venceu todas suas lutas no UFC através do não menos clássico mata-leão. Bicampeão Mundial de jiu-jitsu, tri da Copa do Mundo e campeão do ADCC, não é difícil imaginar como Maia desenvolverá sua luta.

Veremos o clássico Jiu Jitsu x Wrestling, Brasil x EUA. Apesar do barulho feito em cima do americano, acredito que Sonnen será mais um degrau rumo à luta contra Anderson Silva para Demian Maia.

Wilson Gouveia vs Nate Marquardt

Depois de perder no UFC 84 para Goran Reljic, o cearense decidiu baixar de categoria, ao ouvir uma recomendação médica. Lutando agora na divisão dos médios, Gouveia vem de duas vitórias categóricas por finalização. Faixa preta de Jiu Jitsu e dono de mãos pesadas, o brasileiro diz que a mudança de categoria foi benéfica, pois sente-se mais forte que os adversários. Atleta da ATT, vem treinando duro para desafiar Spider Silva pelo cinturão.

Nate The Great é um lutador experimentadíssimo, com 40 lutas no MMA em dez anos de carreira profissional. Inteligente, com boas táticas de luta, Marquardt tenta retomar seu rumo, depois de ser derrotado por Anderson e Thales Leites, que se enfrentam no próximo evento. Tambem faixa preta de Brazilian Jiu Jitsu e com grande história no Pancrase, Nate treina na equipe de Greg Jackson, técnico de Georges St-Pierre.

Será uma luta muito dura, com ambos os lutadores de volta à boa fase. Quem vencer se aproximará um pouco mais da chance pelo título dos médios.

Dan Hardy vs Rory Markham

O combate de meios-médios que antecede a luta principal traz mais um combate EUA vs Inglaterra no UFC 95. O inglês Dan Hardy fez sua estreia tambem em casa, quando venceu Akihiro Gono no UFC 89. Com 27 lutas de MMA e com passagem pela Strikeforce, Hardy treina Jiu-Jitsu e Muay Thai na Team Rough House.

Markham, lutador de Muay Thai e Caratê Kyokushinkai, treinando na Miletich Fighting System e ex-integrante da IFL, fez sua estreia no UFC em julho, ao vencer Brodie Farber no UFN Silva vs Irvin, quando levou o prêmio de nocaute da noite, conseguido com um chute na cabeça, golpe clássico do seu estilo de caratê.

Diego Sanchez vs Joe Stevenson

A luta principal do evento será a estreia do mexicano Diego Sanchez na divisão dos leves. Muito mais alto que a maioria da categoria (ele é ex-médio e tem 1,80m), Sanchez é um fortíssimo candidato a tirar de BJ Penn o cinturão do UFC. Conhecido pelo apelido de Nightmare, Sanchez quer mostrar que realmente será o pesadelo da divisão. E não vem poupando esforços para tal, chegando inclusive a treinar em altitude superior a 2.200m, para melhorar seu condicionamento físico. Pupilo de Saulo Ribeiro, seis vezes campeão mundial de jiu-jitsu, Sanchez aposta tudo em sua performance no chão para finalizar Stevenson e seguir na caça de Penn.

Dez centímetros menor que o oponente, o Paizão, wrestler, faixa preta de jiu-jitsu de Robert Drysdale e campeão do TUF 2, é um lutador experiente (recorde de 29-9), muito raçudo, bom de queda e luta de chão, mas está num nível abaixo do adversário. Depois de perder para Kenny Florian e BJ Penn, Stevenson tenta mostrar contra Sanchez que amadureceu e pode voltar a merecer uma chance de disputar o cinturão.

Como a maioria dos grandes nomes da divisão está fora do UFC, Sanchez poderá representar um perigo real e imediato para o reinado de BJ. Caso Diego consiga se encontrar com um peso muito abaixo de seu normal e imponha seu ritmo, acredito que Stevenson não terá muita chance no combate. As bolsas de apostas casam 3 contra 1 a favor de Sanchez.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

UFC 95 Sanchez vs Stevenson: Card Preliminar

Por Antonio Oliveira

As lutas preliminares do UFC 95 são das mais interessantes. Há mais lutadores estrangeiros que o comum, com o tema Inglaterra vs. EUA sendo explorado em três lutas. Além disso, Joe Silva fez um bom trabalho fazendo lutas com temas interessante, como é o caso do duelo dos caratecas Mike-C e Neil Grove. Porém, a principal atração para os fãs brasileiros será ver se o “Cigano” consegue provar que chegou no UFC pra ficar.

Terry Etim (Inglaterra) x Brian Cobb (EUA)

Terry Etim é um lutador leve, que já fez quatro lutas pelo UFC (2-2). Nada mal pra quem começou a treinar há apenas três anos. Seu oponente é um wrestler de 1,81m e faixa roxa em jiu-jitsu. Seu cartel é 15-4 (10 vitórias por submissão) e está há 9 lutas sem perder.

Etim é o favorito entre os apostadores, talvez por ser mais experiente, conhecido dos fãs e estar lutando em casa. Porém, apostar em Brian pode ser a barbada da noite. Creio que o americano aplicará várias quedas em Terry que, sobrevivendo, dificilmente levará uma decisão.

Paul Kelly (Inglaterra) x Troy Mandaloniz (EUA)

Paul Kelly não tem formação em artes marciais e aprendeu a lutar nas ruas de Liverpool. Hoje o meio-médio treina na Wolfslair com Michael Bisping e Quinton Jackson. Em sua terceira luta pelo UFC, tentará se recuperar da primeira derrota na carreira, imposta por Marcus Davis via guilhotina no UFC 89.

Troy Mandaloniz é amigo de infância de B. J. Penn, com quem treina até hoje. O havaiano participou do The Ultimate Figther 6, tendo sido eliminado nas quartas-de-final da competição por Matt Arroyo. Entretanto, sua estréia no UFC foi vitoriosa e agora luta pra provar que é muito mais que um amigo de famoso.

Ambos lutadores compartilham das mesmas características. Inexperientes em MMA, gostam da luta em pé, têm mãos pesadas, fazem parte de times renomados e por isso devem treinar todos aspectos do jogo. É uma luta que pode acabar em um soco ou nas mãos dos juízes por excessiva cautela dos lutadores. Mas o favoritismo está ao lado de Paul Kelly, que aparentemente é o mais agressivo dos dois lutadores.

Per Eklund (Suécia) x Evan Dunham (EUA)

Per Eklund é um atleta com bastantes lutas, mas ainda mediano. Campeão do Rings europeu, é faixa roxa em jiu-jitsu, tem uma derrota e uma vitória no octógono e uma vitória no boxe profissional.

Evan Dunham foi chamado para substituir David Baron. Invicto, mas inexperiente, Evan treina na Xtreme Couture e gosta do jogo de chão.

Ambos preferem a luta de chão, visto que 54% das vitórias do sueco e 71% das do americano aconteceram via submissão. Porém Eklund é muito mais completo, experiente e deve vencer com tranquilidade. A menos que Evans seja uma dessas estrelas pronta para ser descoberta ou que aproveite um vacilo feio de Eklund.

Mike Ciesnolevicz (EUA) x Neil Grove (Inglaterra)

O interessante dessa luta é o raro duelo entre dois caratecas. Mike é faixa marrom em Caratê Shorin Ryu. Além disso, o americano de 104kg foi wrestler universitário e treina há anos na Miletich Fighting Systems.

Neil Grove é faixa preta em Caratê Goju Ryu, pesa 120kg e alcançou todas suas sete vitórias por KO ou TKO.

Apesar de também ser carateca, Mike (1,83m) não deve lutar em pé contra um atleta mais graduado, mais pesado e maior (2,01m) que ele. O americano deve usar do seu conhecimento para fugir dos golpes e entrar para o clinch, de onde tentará colocar as costas de Neil no chão. Porém, a diferença de tamanho dificultará a aplicação desta estratégia e facilitará a defesa do inglês, que tem mais chances de terminar a luta com um golpe.

Júnior "Cigano" dos Santos (Brasil) x Stefan Struve (Holanda)

O brasileiro, que treina há apenas quatro anos, é discípulo de Rodrigo Minotauro e seu sucessor em termos de estilo. Júnior é faixa roxa e campeão baiano de jiu-jitsu e treina boxe com afinco na Team Nogueira. O brasileiro conseguiu fama na sua primeira luta importante, quando só precisou de 81 segundos pra nocautear Fabrício Werdum no UFC 90.

Stefan Struve é um lutador alto (2,11m), cuja envergadura dificultará a aproximação de Júnior. Além disso, seu cartel indica que ele se vira muito bem no chão. São 18 lutas e 16 vitórias (75% via submissão). Outro indicador de qualidade é que essa promessa holandesa de 21 anos foi disputada pelo Affliction, DREAM e UFC.

Júnior aparece como favorito nas casas de apostas, mas é difícil ter uma opinião sobre lutadores tão jovens, que não foram muito testados contra competição de ponta. A esperança, além da vitória brasileira, é uma luta de três rounds para podermos ver mais da técnica destes atletas.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Notas da Semana (I)

9 a 15 de fevereiro de 2009, por Antonio Oliveira

Roy Jones Jr. = Boxe + MMA
O famoso boxeador está promovendo o evento em que enfrentará Omar Sheika. A novidade é que, antecedendo o combate principal, ocorrerão três lutas de MMA. O evento chama-se March Badness e será no dia 21 de março. As lutas têm um apelo "marketeiro", mas não deixam de ser interessantes: Seth "Venci Kimbo Slice" Petruzelli enfrenta Doug Marshal, ex-campeão dos meio-pesados do WEC. Roy Nelson (ex-IFL) enfrenta o fora-da-lei Jeff Monson (ex-UFC). Na última luta, Bobby Lashley, uma espécie de Brock Lesnar negro, fará sua segunda luta em MMA contra um oponente a ser definido.

YouTube Camp

Com um cartel de 8-0 (5 vitórias por nocaute) e uma última apresentação cheia de plasticidade, Jon Jones é a sensação do momento. Mas o lutador, que acertou um spinning back elbow em Stephen Bonnar, disse que aprendeu kickboxing na internet. "Não tinha um treinador para luta em pé... Tive que me ensinar... Eu estudava vídeos no YouTube, ou acessava sites diferentes, onde podia ver as lutas do PRIDE... Aprendi os golpes e comecei a praticá-los em treinos... Os vídeos do YouTube podem te ensinar muito. Depende de como você os busca. Se você procurar bastante, pode achar vídeos de seminários com os melhores lutadores do mundo. Basta você levá-los a sério" disse Jones em entrevista ao site SI.com.

(Jon Jones não é o primeiro que aprende a lutar desta forma. O falecido Evan Tanner, ex-campeão do UFC, nunca foi formalmente treinado e aprendeu grande parte do seu jogo com vídeos de artes marciais).

UFC 97 Cancelado?
A Comissão Atlética de Quebec pediu ao UFC para banir joelhadas e cotoveladas no evento programado para o local, cuja atração principal é o confronto entre os brasileiros Anderson Silva e Thales Leites. Como o UFC não admite tais ingerências, há um impasse no diálogo entre as duas partes e a realização do evento não é certa.

UFC 100
Sábado, Dana White falou a uma rádio de Montreal que Georges St-Pierre lutará no card do antecipado evento, que acontecerá no mês de julho em Las Vegas, EUA.

O samurai brasileiro

Em entrevista para o UOL, Lyoto Machida explicou seu estilo para o fã de MMA: "...bater e apanhar pouco. Este é o verdadeiro objetivo das artes marciais. Minha técnica vem dos samurais. Na época deles, qualquer golpe do adversário que encostasse uma única vez poderia custar um braço, uma perna, ou até mesmo a vida. A minha luta é feita para enfrentar momentos de perigo, alguém com uma arma na mão. O rival tem de encostar em você o mínimo possível."

Belfort x Fedor?
Em entrevista para o Terra Magazine, Vítor Belfort vendeu seu peixe, dizendo que UFC e Strikeforce também desejam os serviços dele. A maior revelação da entrevista, entretanto, fica por conta de uma eventual luta entre o médio brasileiro e o melhor pesado do mundo (isso mesmo), Fedor Emelianenko! "Tenho velocidade e explosão para vencê-lo", afirmou Vítor, possivelmente de olho na enorme bolsa que receberia. É possível que o combate aconteça por falta de outros oponentes para o russo (Josh Barnett recusou a luta). Vadim Finkelstein, presidente da M-1 Global, declarou no site oficial do evento: "Para o nosso próximo show, podemos colocar uma luta sem valer o cinturão do Fedor contra, vamos dizer, Belfort..."

Cyborg x Carano
Cristiane "Cyborg" Santos assinou um contrato de quatro lutas com a Strikeforce (compradora da falida Pro Elite, onde Cristiane lutara). A antecipada luta com Gina Carano parece estar mais próxima.

Shamrock, o ainda relevante
A mesma nova Strikeforce anúnciou seu primeiro evento para o dia 11 de abril. A luta principal será Frank Shamrock x Nick Diaz. Na Strikeforce, Frank já fez belas apresentações contra César Gracie, Renzo Gracie, Phil Baroni e Cung Le, mas perdeu a última luta por ter quebrado o braço defendendo os potentes chutes do vietnamita. Em seu retorno, Frank pega o mais famoso pupilo de César Gracie, que tentará vingar a derrota do mestre para o melhor dos irmãos Shamrock.

Shamrock, o outro
Até sexta-feira, a última vitória de Ken Shamrock ocorrera em 2004 contra Kimo Leopoldo. Depois disso, Ken lutou e perdeu cinco vezes. Mas, em evento organizado por si mesmo, Shamrock reencontrou-se com o sucesso contra Ross Clifton, via chave de braço no primeiro minuto de luta. No mesmo evento, David "Tank" Abbott venceu Mike Bourke via KO aos 29 segundos de combate. Seu cartel agora conta com duas vitórias e sete derrotas nos últimos 10 anos. A facilidade com que os mais que veteranos encerraram suas performances deixou alguns com a impressão de evento arranjado e feito só pra promover um eventual embate entre as duas relíquias do MMA.

Mais MMA na TV aberta brasileira

Mostrando que o MMA realmente vem crescendo no Brasil, a Rede Globo mais uma vez deu espaço ao esporte em sua programação. Anderson Silva foi entrevistado por Serginho Groissman no programa Altas Horas, exibido na madrugada de sábado para domingo.

Apesar de o apresentador ter mostrado que o esporte ainda é desconhecido pela grande massa, fazendo perguntas que levavam a platéia a crer que o MMA é um "esporte violento", onde "circula sangue" (culpa de falta de conhecimento de Groissman), a iniciativa é importante para a massificação do MMA no Brasil. Anderson ainda tentou se sair bem, mostrando que o esporte tem regras para proteger os lutadores e que ele não teve uma infância de brigas (como perguntou Serginho).

Este assunto é polêmico e merece um post. Enquanto isso, veja abaixo um trecho da entrevista:

domingo, 15 de fevereiro de 2009

MMA versão 2.0

O que vimos até agora neste especial de certa forma já faz parte da História. Por mais que Coleman ainda esteja na ativa, o fato de ter 44 anos e já estar no Hall da Fama mostra que seus dias de glória fazem parte do passado.

Transcrever a História é interessante e importante. Testemunhar a História ser escrita é muito mais bacana. Se na fase Beta o MMA englobava lutadores especialistas em uma arte enfrentando mestres de outras e na fase 1.0 vimos os lutadores sendo obrigados a aprender técnicas de outras lutas para sobreviver no esporte, na fase 2.0 estamos vendo, na minha opinião, a maior revolução feita no MMA.

Atualmente são comuns os esquemas profissionais de treino, com lutadores utilizando treinadores e parceiros especialistas em cada aspecto da luta. Qualquer atleta de ponta atualmente conta com, no mínimo, treinador de Muay Thai e/ou boxe (para a luta em pé), de luta olímpica (para quedas e clinch) e jiu-jitsu (para o confronto no chão), independente da especialidade do lutador. Isso se quiser ter alguma chance de êxito. Ainda contam com programas de preparação física e psicológica que se fazem presentes em qualquer esporte de ponta. A soma de todos estes aspectos criou um novo estilo de luta: o MMA.

Quem começou esta revolução foi Tito Ortiz, ao chamar os melhores para treinar com ele. Mas podemos considerar Georges St-Pierre o grande expoente desta mudança. Diferente de Ortiz, que era (é) limitado tecnicamente, GSP se tornou um lutador completo no aspecto técnico, tem um preparo físico monstruoso e o lado psicológico dos mais fortes do MMA. Com a popularização do esporte, o canadense tornou-se uma estrela além do MMA, sendo capa inclusive de revistas como a Men's Fitness, que fez uma reportagem sobre os treinos do campeão dos meio-médios do UFC.

Os eventos seguem revolução similar. Depois de ver seu prestígio abalado pelo PRIDE, o UFC conseguiu retomar a ponta. A grande tacada foi a criação do reality show The Ultimate Fighter, em 2005, transmitido em TV aberta nos EUA, idéia que alavancou de vez a popularização do esporte. O crescimento permitiu que os irmãos Fertita, donos da Zuffa LLC (proprietária do UFC) comprassem a Dream Stage Entertainment, dona do PRIDE, em 2007, devolvendo ao UFC a aura de principal evento de MMA do mundo.

Mas quem vem fazendo a maior revolução entre os eventos atualmente é a Affliction Entertainment. Criada a partir da junção da Affliction Clothing, marca de roupas muito utilizada por lutadores, mas que foi banida do UFC, com a M-1 Global (organizadora do K-1), a Golden Boy Promotions (empresa do boxeador Oscar de la Hoya, que promove os maiores eventos de boxe no mundo atualmente) e Donald Trump, poderoso empresário americano, além de Tom Atencio, melhor matchmaker do MMA atual. Empresas e profissionais de ramos distintos juntos para alavancar ainda mais o esporte.

Além de contar com a estrela máxima do esporte, Fedor Emelianenko, o Affliction tem como contratados lutadores do naipe de Vitor Belfort, Andrei Arlovski, Tim Sylvia e Josh Barnett, só para ficar entre os ex-campeões do UFC.

Alguns dizem que, com cards caríssimos, o Affliction pode ter vida curta, ainda mais em tempos de crise econômica mundial. Mas isto é assunto para terça-feira, quando encerraremos este especial mostrando uma possibilidade de futuro do MMA.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

MMA versão 1.0

A perseguição política, que conseguiu proibir o UFC em 36 estados americanos, fazendo a audiência do pay-per-view despencar, forçou o evento a se remodelar. As Comissões Atléticas dos estados passaram a outorgar as lutas. O UFC 12, em fevereiro de 1997, viu a criação das categorias de peso. No UFC 14 as luvas passaram a ser obrigatórias e algumas regras foram banidas, como chutes em adversários caidos. O UFC 15 adicionou outras limitações na trocação, banindo golpes na parte de trás da cabeça, por exemplo. O UFC 21 implementou a divisão das lutas em rounds de 5 minutos. O UFC gradualmente foi se tornando mais esporte do que espetáculo, até que em 2000 fossem criadas as Regras Unificadas para o MMA. A fase de testes passaria à fase final pela primeira vez.
Em paralelo às mudanças no UFC, que sofria se escondendo em mercados menores nos EUA, como Iowa e Alabama, vivendo dias negros, do outro lado do mundo surgia um evento que viria a destronar o UFC em importância mundial. Rickson Gracie usou sua popularidade para alavancar o PRIDE Fighting Championship, evento inaugurado em outubro de 1997, uma semana antes do UFC 15. A principal diferença do evento japonês em relação ao americano era o local de disputa: no PRIDE as lutas ocorriam em ringues de 7x7m, como no boxe.

O PRIDE já nasceu grande. Os organizadores escalaram o ídolo local, Nobuhiko Takada, para enfrentar o lutador com status de semi-deus, Rickson Gracie. Mais de 47.000 pessoas viram no Tokyo Dome Rickson finalizar Takada com um arm-lock. O sucesso do evento atraiu a atenção da mídia de massa japonesa. O resultado foi que os grandes lutadores da época, como Mark Coleman (bicampeão nos UFC 10 e 11 e primeiro detentor do cinturão dos pesados do UFC), Mark Kerr (campeão do UFC 14) e Igor Vovchanchyn começaram a migrar para o PRIDE.

Coleman inclusive pode ser apontado como o exemplo da migração da versão beta do MMA para a versão 1.0. Com a invenção do ground and pound (técnica de derrubar o adversário no chão e bater) e inserção das defesas de quedas do wrestling (takedown defenses, como o sprawl), Coleman conseguiu neutralizar os lutadores de chão e começou a mostrar que seria necessário saber mais de um tipo de luta para vingar no MMA. O Mixed Martial Arts passou a denominar o esporte entre lutadores com conhecimentos em mais de uma técnica de luta. A derrota de Royce Gracie, exemplo da fase beta do MMA, para Matt Hughes, no UFC 60, é o combate que mostra a evolução do esporte de forma mais clara.

Enquanto o UFC passava por momentos difíceis, o PRIDE crescia. Incontáveis monstros do esporte passaram por lá: além de Coleman, Kerr e Vovchanchyn, Rodrigo "Minotauro" Nogueira, Wanderlei Silva, Anderson Silva, Mirko "Cro Cop" Filipovic, Mauricio "Shogun" Rua, Ricardo Arona, Takanori Gomi, Kazushi Sakuraba, Dan Henderson brilharam nos ringues japoneses. Além deles e de muitos outros, o PRIDE coroou aquele que é apontado por muitos como o maior lutador da história do MMA. Se Coleman foi o exemplo da migração, o russo Fedor Emelianenko pode ser considerado a grande estrela desta fase.

Mas o mundo está em constante evolução e o MMA segue o ritmo. Saber mais de um estilo de luta deixaria de ser suficiente. Não bastaria mais ter várias habilidades, seria preciso cada vez mais se tornar um atleta de verdade, num esporte que se tornaria um estilo próprio. Os eventos também precisariam se reinventar para se adequar aos novos tempos de multimercado, com fusões, parcerias, aquisições e falências. Não perca isso e muito mais na última parte deste especial, com o Especiais MMA-Brasil.com: MMA versão 2.0.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MMA versão beta

Diz a Wikipedia que um software em versão beta está em desenvolvimento e testes. Ou seja, ainda não é um produto pronto, pode ter problemas, mas tem condições de ser utilizado.

Assim começou o MMA. Lutas sem organização, sem regras e sem armas são disputadas desde a Grécia Antiga. Não vamos voltar nossa linha do tempo tão longe. Também não vamos regredir até a primeira metade do século XX, com os torneios de vale tudo organizados pela Família Gracie. Vamos retroceder até 1993.

Rorion Gracie, filho de Helio e irmão de Rickson e Royce, juntou-se a Art Davie e Robert Meyrowitz para criar o Ultimate Fighting Championship, nos EUA. A ideia era bolar um torneio que contasse com lutadores das mais diversas especialidades, nacionalidades e tipos físicos, que se enfrentariam em combates sem regras, sem limite de peso e de tempo, mas em esquema já mais profissional, com pagamento de bolsas. Perguntas do tipo "Um boxeador pode vencer um wrestler?" seriam respondidas. O grande atrativo era o local dos combates: uma espécie de jaula octogonal, hoje largamente conhecida como Octógono. Os eventos tinham forma de torneio eliminatório, com oito lutadores organizados em chaves de quartas-de-final, lutando até chegar à final, onde o campeão seria conhecido, em apenas uma noite. Em 12 de novembro de 1993, em Denver, Colorado, ocorreu o evento chamado Ultimate Fighter Championship: The Beggining, ou simplesmente UFC 1, que foi transmitido por pay-per-view para os EUA e depois distribuído em VHS.

Royce Gracie pode ser considerado como o lutador que melhor exemplifica a fase beta do MMA. Numa época em que os lutadores eram especialistas em apenas uma arte, Royce mostrou o predomínio do chamado Brazilian Jiu-Jitsu, criado por sua família, sobre os demais estilos. Pesando menos de 80kg, Royce finalizou adversários que muitas vezes tinham até 30kg a mais, em lutas que não chegavam a três minutos de duração. A soberania de Royce era tão grande que ele se dava ao luxo de lutar de quimono.

Na fase beta, o nome Artes Marciais Mistas (do inglês Mixed Martial Arts, MMA) significava que um lutador de Jiu-Jitsu lutaria contra um de Savate, um boxeador enfrentaria um judoca, um carateca mediria forças com um lutador de sumô. Tudo isso num mesmo torneio.

Porém o estilo "No Rules, No Time Limit, No Weight Limit" logo virou alvo de perseguição de políticos. Liderada pelo senador americano John McCain (derrotado por Barack Obama nas eleições presidenciais americanas), uma grande pressão foi imposta, apontando as lutas do UFC como "brigas de galo humanas", mandando o evento para um quase ostracismo.

A pressão política forçou o evento a se reestruturar. E depois dos políticos vieram os eventos concorrentes. Por outro lado, os lutadores viram que precisariam se reinventar, aprender novas técnicas para sobreviver no esporte e também se viram obrigados a evoluir. É o que veremos amanhã, no Especiais MMA-Brasil.com: MMA versão 1.0.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

UFC Fight Night 17 - Resultados

Por Antonio Oliveira

Em meio a nosso trabalho de melhoria do blog, estamos nos adaptando à cobertura de eventos. Para os próximos seremos extremamente mais ágeis. Porém, até agora não publicamos comentários sobre o UFC Fight Night 17, ocorrido no último dia 6. Mesmo atrasados, não queríamos deixar de fazê-lo, mediante mais um pedido de desculpas. Ei-lo:

Lutas Televisionadas

Joe Lauzon derrotou Jeremy Stephens via chave de braço a 4:32, R2

Joe Lauzon não teve dificuldades para lever esta luta para o chão logo no início, não se incomodando em ficar por baixo de Jeremy. A superioridade de J-Lau no chão foi patente. Stephens, entretanto, conseguiu sobreviver ao primeiro round escapando de uma chave de tornozelo, uma chave de braço e tendo um bom momento no final do período, conseguindo acertar diversos golpes potentes da guarda de Lauzon.

O segundo round começou de forma similar, com Jeremy bastante violento e afoito em pé, não impedindo o oponente de levar a luta para o chão. Nesta posição Lauzon teve que absorver mais da potência vinda das mãos e cotovelos de Jeremy. Porém, J-Lau fez o que quis em termos de posicionamento, foi pras costas, 100 quilos, montou e no final do round aplicou uma chave de braço que encerrou a luta.

Cain Velasquez derrotou Denis Stojnic via TKO a 2:34, R2

Ao contrário do que previra, Cain Velasquez pegou mais um adversário fácil nessa luta de um lado só. Por seis minutos, Denis apenas cobriu e tentou acertar cruzados a esmo. O europeu só sobreviveu até o segundo round pela sua capacidade de encaixar os golpes. Luta muito feia, que acabou de forma também horrenda, com Cain Velasquez derrubando o oponente, que se cobriu no chão enquanto Cain desferia socos ineficazes.

Ao final da luta, Cain, consciente da qualidade da luta, pareceu triste com sua apresentação e pediu desculpas aos fãs. Velasquez ainda está por pegar um pesado de nível intermediário para poder provar que realmente é tão talentoso quanto rezam as previsões que fazem sobre ele.

Anthony Johnson derrotou Luigi Fioravanti via TKO a 4:39, R1

Os dois lutadores se estudam bastante no início da luta. Johnson demonstra os frutos do treinamento com Cung Le e acerta diversos chutes potentes em Fioravanti. Luigi circula bastante, buscando por oportunidades de encurtar a distância e acerta alguns socos em Johnson. Numa dessas aproximações, Johnson faz o oponente cambalear com um cruzado de direita; Fioravanti tenta se levantar, mas outro cruzado o derruba de vez. Anthony desfere uma série de socos, Fioravanti tenta se cobrir em vão e o juiz encerra a luta.

Johnson, cuja principal habilidade é a luta, pareceu estar cada vez mais confortável no kickboxing e começa a despontar como sério desafiante entre os meio-médios.

Josh Neer derrotou Mac Danzig via triângulo a 3:36, R2

Danzig tem uma postura mais séria na luta, enquanto Neer tenta provocar o adversário e induzi-lo ao erro. Os dois trocam diversos socos no primeiro round, Danzig mais técnico e Neer usando boxe de malandro. Um soco de Mac chega a derrubar Josh, mas no chão Danzig é ineficaz e Neer consegue se defender bem. No segundo round é Neer quem coloca Mac para baixo. Mas por cima Neer é eficaz e violentíssimo, acertando vários socos e cotoveladas. Depois de apanhar muito, Danzig consegue reverter a posição. Da guarda, Neer eleva suas pernas e finaliza a luta com um triângulo de manual de jiu-jítsu.

Dan Miller derrotou Jake Rosholt via guilhotina a 1:03, R1

Rosholt abre a luta tentando uma baiana, mas toma uma joelhada no rosto. Em sua segunda tentativa de quedar o oponente, Miller abraça o pescoço do adversário numa guilhotina mal posicionada. O corner de Jake grita repetidamente: “Cuidado com a guilhotina!” Mas é em vão, pois quanto mais o ex-campeão de luta se movimenta, melhor Dan consegue se posicionar e logo finaliza o combate.

Matt Veach derrotou Matt Grice via TKO a 4:34, R1

A luta começa em alta intensidade e Veach leva o adversário para o chão. Grice tenta aplicar uma anaconda, mas Veach se desvencilha. Grice derruba o oponente com um soco e acompanha o oponente ao chão, desferindo uma série de socos que faz a cabeça de Veach repicar, mas o juiz deixa a luta correr. Os lutadores voltam a ficar de pé. Grice novamente ataca, mas dessa vez é pego com um cruzado de direita que o manda para a lona. Agora é Veach que acompanha o adversário com socos, mas desta vez o juiz para a luta, sob protestos de Grice.

Lutas Não Televisionadas

Gleison Tibau derrotou Rich Clementi via guilhotina a 4:35, R1
Kurt Pellegrino derrotou Rob Emerson via mata leão a 3:14, R2
Nick Catone derrotou Derek Downey via americana a 1:15, R2
Matt Riddle derrotou Steve Bruno via decisão unânime (29-28, 29-28, 29-28)

Novidades no MMA-Brasil.com

Antes de mais nada, peço desculpas pelo hiato de atualizações no site. Estamos levando uma pequena surra para implementar o novo layout, mas tenho certeza que não vamos decepcioná-los, porque tenho certeza que o novo visual ficará muito melhor.

Para nos redimir, preparamos um especial que será lançado em três posts diários, onde faremos uma linha do tempo do MMA, mostrando a evolução dos tempos iniciais até hoje, mostrando como o esporte, os atletas e os eventos se adequaram aos novos dias. Amanhã, sábado e domingo compartilharemos com vocês este interessante estudo. Não percam!

Outra novidade é a estreia na segunda-feira de nova coluna, chamada Notas da Semana. Toda segunda o Antonio Oliveira vai fazer um resumo da semana que passou no MMA pelo mundo afora. Como o Tonholas é um camarada muito bem informado e apaixonado pelo esporte, podem esperar notícias muito interessantes.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O "Tyson Branco" mantém o cinturão


Na noite de ontem o pugilista uzbeque Ruslan Chagaev manteve seu cinturão dos pesados pela Associação Mundial de Boxe ao vencer o costarriquenho Carl Davis Drumond, em Rostock, Alemanha. O campeão de 30 anos, conhecido pelo infeliz apelido de Tyson Branco, permanece invicto com 24 vitórias e um empate. Drumond conheceu sua primeira derrota, depois das 26 lutas da carreira, onde venceu todas. O resultado manteve o predomínio dos lutadores do antigo bloco soviético na divisão dos pesados. Além de Chagaev, o russo Nikolay Valuev e os irmãos ucranianos Wladimir e Vitali Klitschko também detém cinturões mundiais.

O que pode causar estranheza por parte dos fãs de MMA foi o modo com que Chagaev conseguiu a vitória. No quarto assalto, uma cabeçada acidental (o costarriquenho faz uso constante dos movimentos de cabeça, coisa rara no MMA) fez com que abrisse um corte profundo no supercílio do campeão. Como começou a sangrar demais, o árbitro Gustavo Padilla parou a luta para que Chagaev fosse atendido pelo médico. A luta prosseguiu, mas no sexto assalto foi novamente interrompida. No intervalo para o sétimo, o árbitro chamou os lutadores e encerrou o combate, que foi para a decisão dos juizes. Os três deram a vitória a Chagaev, por 58-56 (duas marcações) e 60-54.

Provavelmente a próxima luta do campeão canhoto será contra o gigante russo Nikolay Valuev, também detentor do mesmo cinturão. A luta vai definir quem fica de posse definitiva do título. Chagaev era o campeão até se contundir no tendão de Aquiles em 2007. Valuev então conquistou o cinturão interino. Agora ambos se enfrentarão novamente, ainda em 2009. Chagaev venceu Valuev por pontos em abril de 2007, quando tomou o cinturão do gigante.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

UFC Fight Night 17 Lauzon vs Stephens (parte II)

Por Antonio Oliveira

Apesar de não contar com nenhum brasileiro ou estrela da MMA, as quatro lutas principais do UFC Fight Night 17 prometem ser bem interessantes. Joe Lauzon, conhecido pelo infame apelido de J-Lau, pega Jeremy Stephens, que aceitou substituir o brasileiro Hermes França, que se machucou há duas semanas.

Entre os pesados, a promessa Cain Velasquez finalmente terá um teste de verdade contra Denis Stojnic, lutador que sabe bater, lutar no chão e é pupilo da respeitável Golden Glory. Anthony Johnson, busca continuar sua subida nos meio-médios enfrentando Luigi Fioravanti, um dos mais antigos porteiros da divisão. Mac Danzig, ex-campeão do King of the Cage e do Ultimate Fighter 6, tentará reencontrar os louros da vitória contra Josh Neer, que provou ser casca grossa contra os também ex-pupilos do Ultimate Fighter Joe Stevenson e Nate Diaz.

Joe Lauzon (EUA) x Jeremy Stephens (EUA)

Lauzon veio para os holofotes quando, contrariando todas as previsões, nocauteou Jens Pulver em 48 segundos no UFC 63. Depois disso, participou do The Ultimate Fighter 5, onde foi eliminado na semi-final. Até agora, a luta mais relevante de sua carreira se deu no UFC Fight Night 13, quando foi barrado por Kenny Florian e saiu momentaneamente da disputa pelo cinturão dos leves. A luta contra Stephens pode recolocá-lo neste caminho. Para vencê-la, o lutador mais nerd do UFC deve boxear nos primeiros momentos da luta, mas eventualmente tentará levar o combate para o chão onde é mais habilidoso.

Stephens entrou nesta luta há duas semanas pra substituir seu parceiro de treinos, Hermes França, que machucou o joelho. Conhecido por ter mãos pesadas e um boxe mais técnico que Hermes, Jeremy tem também trabalhado seu jiu-jítsu para fortalecer o jogo de chão. Porém, para essa luta deverá tentar abafar as tentativas de queda de Lauzon pra manter o combate de pé, onde tem muito mais chances.

Cain Velasquez (EUA) x Denis Stojnic (Bósnia)

Pesando 110kg em 1,85m, Cain Velasquez é, junto com Brock Lesnar e Shane Carwin, parte da nova geração de pesados do UFC. Em comum, os três tem o tamanho monstruoso e uma carreira fenomenal na luta olímpica universitária. Cain treina junto com Jon Fitch, Josh Koscheck, Christian Wellisch e Paul Buentello, entre outros bons atletas da American Kickboxing Academy. Velasquez tem quatro lutas no cartel e quatro nocautes técnicos no primeiro round, conseguidos através do quedar e socar. A aposta em um quinto resultado similar seria uma barbada, não fosse a qualidade do adversário.

Em sua primeira luta no UFC, Denis Stojnic é colocado como mais um degrau na carreira que está sendo construida para Cain Velasquez, o degrau mais difícil que ele enfrentou até agora. Pesando 111kg e com 1,82m, Denis se equipara em força ao seu oponente. Além disso, o faixa preta em sambô e praticante de caratê também conta com parceiros de treino respeitáveis, como Sergei Kharitonov, Semmy Schilt e os irmãos Overeem. O europeu tem mais pedigree como kickboxer e deve se aproveitar disso na luta. Basta saber se o conhecimento que obteve no sambô será suficiente para evitar que Cain o derrube.

Anthony Johnson (EUA) x Luigi Fioravanti (EUA)

Johnson é outro ex-prodígio da luta colegial que gosta de trocar socos. Ele carrega três vitórias e duas derrotas pelo UFC. Sua última vitória vingou a polêmica derrota para Kevin Burns, obtida por causa de uma dedada no olho de Johnson. Anthony está em rota de ascensão no UFC, mas precisa passar por um velho conhecido dos fãs para sonhar com lugares mais altos entre os meio-médios.

Fioravanti vai para sua nona luta no UFC. Ele é ex-soldado americano e pupilo da American Top Team. Tendo ganho dos quatro atletas de segundo escalão que enfrentou e perdido dos outro quatro mais conhecidos, precisa de mais vitórias se deseja outra chance de enfrentar as estrelas da organização. Luigi não se destaca em nenhum aspecto do jogo, mas é um lutador, de bastante força, que sabe se virar em pé e no chão. Vai ser um bom teste para sabermos se Johnson está pronto para enfrentar a elite da categoria.

Mac Danzig (EUA) x Josh Neer (EUA)

Quem acompanha MMA de perto há mais tempo, provavelmente considera essa a luta entre estes leves a principal do evento. Mac Danzig tem um cartel de 24 lutas (18 vitórias), foi campeão do King of the Cage, Gladiators Challenge e The Ultimate Fighter 6. Treina na Xtreme Couture e se vira muito bem no chão – metade de suas vitórias foram por submissão. Mas é um lutador completo, de quem também podemos esperar uma apresentação em pé muito boa. Mac vem pra provar que não ganhou o TUF 6 à toa, que sua derrota para Clay Guida foi um acidente de percurso e que pode chegar ao topo da divisão leve.

Josh Neer é outro veterano bastante desafiador pra qualquer adversário. Tendo 32 lutas em seu cartel (24 vitórias), Neer treina no Miletich Fighting Sytems, um dos mais antigos times de MMA dos EUA. Casca grossa, bom de chão e com mão pesada, Josh sempre se apresenta bem e complica a vida de qualquer adversário. Podemos prever que ele testará Mac em todas as áreas do jogo, nesta luta em que mais um leve dará um passo na direção de Sean Sherk, Clay Guida, Kenny Florian e BJ Penn.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

UFC Fight Night 17 Lauzon vs Stephens (parte I)

Por Antonio Oliveira

A uma primeira vista, o UFC Fight Night 17 não apela ao público tupiniquim. Há apenas um brasileiro neste evento cheio de lutadores olímpicos americanos. O fã nacional deve estar esperando poucas emoções e muito “ground and pound” (quedar e bater) e “lay and pray” (deitar e rezar). Hoje vamos cobrir o card preliminar. Amanhã vai ao ar o texto sobre o card principal.

Porém, há lutas interessantes pra se ver. Entre as lutas preliminares, Dan Miller, ex-campeão do IFL, enfrentará Jake Rosholt, lutador olímpico de alto calibre. Nosso compatriota Gleison Tibau luta precisando de uma vitória se deseja um futuro no UFC. Kurt “Batman” Pellegrino tenta se firmar em sua oitava luta pelo UFC. Além disso, em meio a combates com wrestlers fortes, sempre há chance de vermos um soco de potência espetacular e jogo inteligente no chão.

Jake Rosholt (EUA) x Dan Miller (EUA)

Jake Roshold foi campeão de luta olímpica na primeira divisão da liga universitária americana. Com esse pedigree, Jake migrou para o MMA rodeado das mais altas expectativas. O lutador permanece invicto, mas sua estréia no WEC foi muito aquém de todo burbúrio feito. Em sua primeira luta no UFC, Rosholt vem provar que pode cumprir muitas das profecias que recebeu. Já Dan Miller é um lutador respeitável. Tem um Muay Thai razoável, um clinch bom e é faixa marrom em jiu-jítsu. Dan também é mais experiente, tendo sido campeão dos médios na Cage Fury e IFL.

Jake entra no octógono com duas vantagens: é mais forte e melhor wrestler. Sua estratégia deve ser parecida com a que Brock Lesnar usou contra Heath Herring, buscando quedas o tempo inteiro e o domínio de posições no chão. Do outro lado, Dan tem ao seu favor experiência, kickboxing, trabalho de pernas e jiu-jítsu. Pode ser que, mesmo assim, ele acabe sendo esfregado no chão como foi Heath, porém a estréia medíocre de Rosholt na WEC não indica que isso acontecerá.

Rich Clementi (EUA) x Gleison Tibau (Brasil)

É um embate de veteranos que nunca conseguiram fazer muito progresso no UFC, mas que conquistaram suficiente vitórias para continuarem como porteiros da divisão. Ambos os leves estão vindo de derrota e precisam de uma boa apresentação para continuar nessa categoria em renovação.

O jiu-jítsu de Gleison é bem superior, porém o brasileiro cai bastante de produção quando é forçado a lutar da guarda. Rich Clementi deve se aproveitar dessa fraqueza e de um clinch superior para cair por cima, de onde tentará escapar das tentativas de submissão e ganhar a luta.
É dificílimo tecer uma boa estratégia para o brasileiro nessa luta. Como é mais fraco no clinch, esperamos que ele tenha melhorado o kickboxing para dificultar a defesa do adversário e assim poder criar aberturas para quedas. Se cair por cima, Gleison deve reconhecer a oportunidade e tentar finalizar a luta, pois pode não ter outra chance de fazê-lo.

Kurt Pellegrino (EUA) vs. Rob Emerson (EUA)

Pellegrino é um peso leve com sete lutas pelo UFC e cheio de altos e baixos. O “Batman” tem um jogo de chão respeitável, é um faixa preta em jiu-jítsu muito forte, de nome conhecido nas competições de submissão. Rob Emerson é um lutador persistente, conseguiu sair de um cartel que lia 0-4 para buscar 10 vitórias nas 13 lutas seguintes de sua carreira e entrar para o UFC através do Ultimate Fighter 5. Adepto de um estilo Marco Ruas, Rob busca sempre o enfrentamento em pé.

Essa luta tem tudo pra ser embate do kickboxer versus grappler, com Kurt tentando levar a luta para o chão e Rob tentando manter o combate em pé. Entretanto, Pellegrino é conhecido por teimar em trocar socos, mesmo quando está apanhando feito um Judas. Se o Batman vacilar, Rob vai fazê-lo dormir (com trocadilho, por favor). Entretanto, caso consiga manter uma boa estratégia, Pellegrino deve facilmente dominar no chão.

Matt Grice (EUA) vs. Matt Veach (EUA)

Ambos os atletas são oriundos da luta olímpica americana (colegial e universitária) e devem se testar nessa área. É outro embate interessante para a categoria leve, em que o UFC precisa de mais prospectos.

Cada lutador carrega dez vitórias em seu cartel, com Veach invicto e Grice com apenas uma derrota. Apesar disso, Grice segue como favorito nas casas de apostas. Porém, enquanto Grice treina com desconhecidos, Veach treina na HIT Team, com lutadores do calibre de Matt Hughes e Robbie Lawler. Essa diferença no treino deve se fazer valer na luta e Veach provavelmente levará uma decisão pra casa na sua estreia pelo UFC.

Nick Catone (EUA) vs. Derek Downey (EUA)

Enfrentamento clássico de luta olímpica contra jiu-jítsu neste embate de médios estreantes no octógono. Nick Catone é mais um dos americanos oriundos da luta universitária. Derek Downey é um lutador de jiu-jítsu com mais experiência, mas que perdeu nas duas vezes em que competiu com lutadores de nível C (Ed Herman e Josh Burkman).

Infelizmente para Downey, estilisticamente, essa luta se parece com a que perdeu para Ed Herman. Catone, com o cartel invicto em 6 lutas, deve trocar um pouco em pé, usar o clinch para botar Derek para baixo. Depois, deve tentar usar sua força, equilíbrio e sabedoria por trás de sua faixa roxa em jiu-jítsu para posturar e ganhar a luta com socos e cotoveladas do chão... A menos que sinta um frio na barriga e seja finalizado antes.

Steve Bruno (EUA) x. Matt Riddle (EUA)

Em sua terceira luta pelo UFC, Steve tentará sua segunda vitória. O meio-médio é um atleta ainda em desenvolvimento, mas que sabe se virar no chão e em pé, como é tradição entre pupilos da American Top Team. Matt Riddle vem da experiencia de ter lutado no time de Quinton "Rampage" Jackson no Ultimate Fighter 7. Matt, o noninquagésimo ex-lutador universitário desse card, assim como a maioria dos outros, tem a seu favor o clinch e potência. Além disso, Riddle tem buscado diversificar seu jogo, estudando jiu-jítsu e melhorando o boxe tailandês.

É uma luta boa e equilibrada, em que a vantagem está ao lado do ex-pupilo de Jackson, que deve, em eventual perigo, colocar Bruno pra baixo com relativa facilidade.

O banner do MMA-Brasil.com

Depois da atuação bisonha contra Mauricio Shogun no UFC 93, recebi um comentário no post pedindo que tirasse Coleman do banner do site. Apesar de saber que o pedido foi em tom de brincadeira, entendi o motivo. Mas não podia concordar em retirá-lo, pois os seis lutadores estão lá em cima por algum(ns) motivo(s). Achei então que seria interessante explicá-los para os amigos leitores. Então vamos lá, começando a partir da esquerda.

Anderson Silva, "The Spider"

“Anderson Silva? He is a fucking monster!”. Assim define o Spider o presidente do UFC, Dana White. Foi Anderson a quem o UFC apelou para combater a primeira edição do Affliction, em julho passado.

Muito se discute sobre quem é o melhor lutador pound-for-pound do MMA atual. Dependendo do ponto de vista, podemos ter respostas diferentes. Da visão de qualidade técnica, fico com o Anderson. Lutador que divide com Fedor Emelianenko o posto de número um da maioria das fontes de informação de MMA no mundo, tem como base o Muay Thai e o jiu-jitsu. Anderson é aquele lutador que sempre tem uma carta na manga, faz coisas imprevisíveis. O elbow uppercut encaixado num lutador incrédulo é o ápice da genialidade (fico devendo o link do vídeo, quando o achar, postarei).

Dono absoluto e inconteste do cinturão dos médios do UFC, Anderson pensa inclusive em se aposentar, depois de encerrar o contrato atual de mais três lutas com o UFC. Talvez a falta de adversários de peso o ajudaram a tomar a decisão, depois de ter atropelado gente do calibre de Rich Franklin e Dan Henderson.

Rickson Gracie, "The Legend"

Faixa preta 7º dan de Brazilian Jiu-Jitsu, duas vezes campeão brasileiro de wrestling estilo livre, medalha de ouro de Sambo, invicto em mais de 400 lutas (1) de MMA, vale tudo, jiu-jitsu, sambo e luta livre, o filho mais velho de Helio Gracie é considerado por muitos como o maior lutador de todos os tempos. Só isso já o credenciaria ao banner, mas não fica por aí.

Pessoalmente considero que Rickson foi o precursor do MMA que conhecemos atualmente. Ele desbravou este caminho, até que seus irmãos Rorion e Royce criassem o Ultimate Fighting Championship e o MMA explodisse no mundo inteiro. Rickson tirou os desafios de vale tudo das praias e academias do Rio, levando para os ringues, principalmente no Japão, onde alcançou status de semi-deus. Do seu Japan Vale Tudo Championship nasceu o PRIDE em 1997, evento que o próprio Rickson venceu.

A Lenda parou de lutar em 2000, quando seu filho Rockson faleceu.

Mark Coleman, "The Hammer"

Ficou com o Coleman do UFC 93 na cabeça e o considera inapto a estar no banner? Esqueça isso. Atenha-se a um detalhe importante, que o fez valer a honraria: Coleman foi o inventor do ground'n'pound no MMA, técnica hoje largamente utilizada por qualquer lutador que queira ser alguém no esporte. Agora valeu a vaga, certo? Além disso, foi ele quem definitivamente provou o valor dos wrestlers no MMA, numa época em que o esporte era dominado pelo jiu-jitsu.

Hammer venceu os dois últimos torneios do UFC (10 e 11) e foi o primeiro campeão dos pesados quando, pela primeira vez, o evento registrou limite de peso (UFC 12). Além disso, Coleman foi campeão do PRIDE Open Weight Grand Prix em 2000, ao vencer Igor Vovchanchyn na final. Para se ter uma noção da proeza, podemos dizer, que o ucraniano era algo como o que Fedor é hoje e estava invicto há 30 lutas.

Coleman foi o quinto lutador incluido no Hall da Fama do UFC.

Vitor Belfort, "The Phenom"

Apareceu no MMA com apenas 19 anos, quando chocou o mundo ao passar o carro no UFC 12, na divisão Heavyweight. Vitor simplesmente atropelou seus adversários com um ímpeto até então nunca visto no esporte. O auge daquela fase foi atingido no Ultimate Brazil, quando conseguiu um nocaute incrível contra o também garoto Wanderlei Silva. Quando a luta foi iniciada, Vitor partiu para cima de Wanderlei, cruzou o octógono socando o adversário e o nocauteou em 40 segundos.

O Phenom é um dos lutadores com o boxe mais afiado do MMA mundial. Além disso, possui técnica refinada de luta no chão (faixa preta de jiu-jitsu de Carlson Gracie), o que o torna um lutador bastante versátil. Seus treinos na Xtreme Couture ainda o ajudaram a aperfeiçoar o ground'n'pound.

Recuperado dos sérios problemas pessoais (sua irmã foi sequestrada e ficou desaparecida por anos, até ser dada como morta), Vitor hoje luta no Affliction, na divisão Middleweight. Conseguiu dois nocautes nos dois primeiros eventos, sendo que o último nos fez renascer a esperança de ver o velho Fenômeno de volta.

Fedor Emelianenko, "The Last Emperor"

Fedor é o Fedor, não precisa de maiores explicações. Como não quero me tornar repetitivo, você pode ler aqui, aqui, aqui e aqui também motivos suficientes que colocam Fedor Emelianenko no banner do MMA-Brasil.com. Achou pouco? Então veja os rankings do Sherdog, MMA Weekly, WAMMA e Yahoo Sports. Veja também o resultado da enquete que está rolando aqui no MMA-Brasil.com, sobre o melhor lutador pound-for-pound do MMA atual.

Tá bom, né?

Antonio Rodrigo Nogueira, "Minotauro"

Dono de uma história de vida comovente, quando sobreviveu ao atropelamento de um caminhão que o levou ao coma por quatro dias e internação por onze meses, aos 11 anos de idade, Minotauro é uma das lendas vivas do esporte. Seu estilo "Rocky Balboa", de aguentar castigo e conseguir vencer no final, ajudou na construção do mito. O talento incontestável e a força de vontade completam a formação esportiva deste baiano, que começou no judô e depois passou para o boxe e jiu-jitsu. Seu cartel inclui lutas contra monstros do esporte, como Fedor e Coleman, apenas para ficar entre os integrantes do banner. Como se não bastasse, Minotauro é ainda o único peso pesado que já conquistou o cinturão do PRIDE e do UFC.

Já seria motivo suficiente para colocá-lo no banner, mas Minotauro fez ainda mais. Por causa da popularidade (no exterior, infelizmente) e carisma dele, a Rede Globo começou a dar espaço ao MMA. Notícias no jornal O Globo, eventos transmitidos pelo Sportv e Minotauro participando dos programas do Faustão e Casseta e Planeta. É uma importantíssima ajuda na popularização e crescimento do esporte no Brasil.

O futuro

O banner não é estático, assim como a História. Outros lutadores podem entrar na foto acima. Candidatos não faltam, como Georges St-Pierre, B.J. Penn, Shinya Aoki, Paulão Filho, além de estrelas já consagradas, mas que ainda podem fazer algo de surpreendente, como Wanderlei Silva e Randy Couture.

Gostou dos motivos? Tiraria alguém do banner? Alguém ficou injustamente de fora? Deixe seus palpites na caixinha de comentários!

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(1) Número polêmico e não confirmado. Ainda dizem que Rickson foi derrotado por Ron Tripp num campeonato americano de sambo, em 1993. Não me meto neste mérito.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

MMA-Brasil.com Opinião (I): O Artista e o Atleta, parte II

GSP é o melhor atleta do UFC. GSP é o melhor wrestler do MMA. GSP é um futuro integrante do Hall da Fama. GSP é o melhor lutador do mundo, pound-for-pound. Georges St-Pierre atrai hipérboles como poucos lutadores no mundo. Ranqueado como top 3 em todos os rankings pound-for-pound do MMA, o canadense Georges St-Pierre é o atual detentor do cinturão da divisão Welterweight (meio-médio) do UFC.

Como havia sido comentado no post de apresentação do UFC 94, se um lutador depender de mau condicionamento de GSP para enfrentá-lo, está perdido. Não há a menor possibilidade de o canadense entrar despreparado para uma luta, seja ela quando, aonde ou contra quem for. No MMA atual ninguém aguenta o forte ritmo de St-Pierre por cinco rounds. Alguns dirão que o Rush não é melhor atleta que Brock Lesnar, duas vezes Division I All-American wrestler e campeão nacional, ainda fez uma pré-temporada na linha de defesa do Minnesota Vikings, da NFL. Outros citarão Kevin Randleman, duas vezes campeão nacional da Division I de wrestling e integrante do Hall da Fama da Ohio State University. Outros ainda poderiam ser postos. Por mais que a definição de atleta seja controversa, não há dúvidas sobre o elevadíssimo nível atlético alcançado por GSP. Veja o UFC Primetime exibido antes do UFC 94 e não tenha mais dúvidas.

Do mesmo modo, sempre vai surgir alguém dizendo que o wrestling de Randy Couture, Dan Henderson ou Matt Hughes atingiram níveis superiores ao de GSP. Porém o próprio Hughes foi varrido por St-Pierre em duas oportunidades. Inclusive a lista de wrestlers superados pelo Rush é grande.

A questão do Hall da Fama é relativamente mais tranquila. Se Dan Severn e principalmente Ken Shamrock estão no Hall, acredito que ninguém se incomodará com uma futura presença de GSP. O canadense ainda não tem uma história como os outros integrantes (Royce Gracie, Randy Couture e Mark Coleman), mas se analisarmos que Rush venceu categoricamente Josh Koscheck, Jon Fitch, Sean Sherk, Matt Hughes, Matt Serra e BJ Penn, todos campeões ou top contenders na época das lutas, vemos que St-Pierre está no caminho certo que o levará ao Hall.

Se o canadense conseguiu superar grandes wrestlers, mostrou também que se adapta ao jogo de chão. A facilidade com que GSP passou a guarda de BJ Penn (por favor, sem papo de que GSP foi beneficiado pelo episódio da vaselina) no sábado passado mostrou que a faixa preta de jiu-jitsu dada por Bruno Fernandes foi merecida. Penn foi o primeiro não-brasileiro campeão mundial de JJ na faixa preta, além de ter uma flexibilidade incomum, o que o torna um adversário dificílimo de superar no chão.

Ainda, o havaiano tem um boxe afiadíssimo. E no standup, GSP teve outra imensa superioridade, aproveitando sua origem no Karate Kyokushin, nos treinos de Muay Thai com ninguém menos que Anderson Silva e na sua preparação de boxe. Sua performance em pé terá mais um teste duro na próxima luta, quando defenderá o cinturão contra o brasileiro Thiago Alves. Pitbull tem um Muay Thai monstruoso e foi apontado por todos como o lutador que mais evoluiu em 2008. Caso passe por Pitbull, o UFC pensa em subir GSP de categoria, fazendo-o enfrentar Anderson Silva, pelo cinturão dos médios, numa superluta em que o vencedor provavelmente terá seu passaporte para o Hall da Fama carimbado.

Rush leva a carreira a sério. Sua preparação com treinos no Canadá, Brasil e Japão rendem um plano de luta exaustivo, que é seguido à risca e com perfeição por GSP. Seu técnico, Greg Jackson, declarou após a luta de sábado: “Eu não poderia estar mais feliz. Georges é um atleta fantástico muito inteligente. Nós queríamos que ele usasse muito o wrestling no dois rounds iniciais and get that lactic acid going. Ir do aeróbio para o anaeróbio. Ser imprevisível”.

Condicionamento físico soberbo, fantástico wrestling, ótimo no chão, fortíssimo em pé, estrutura de equipe e treinos acima da média, bastante inteligente. Hipérboles que resultam em um atleta completo. Alguém tem dúvidas que GSP é O Atleta do MMA? Eu não tenho.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

MMA-Brasil.com Opinião (I): O Artista e o Atleta, parte I

Ver uma luta de Lyoto Machida é um espetáculo desde antes do carateca entrar no octógono. Machida sempre está com uma fisionomia tranquila dentro do vestiário, esteja ele em trabalho de aquecimento, colocando as ataduras ou parado, relaxando. É um lutador tranquilo e passa tranquilidade para o telespectador. Seja lá quem for o adversário daquela noite, ele sabe do que é capaz e sabe o que tem que ser feito quando a ação iniciar.

O espetáculo continua quando ele entra no octógono. Nada de presepada, nada de fanfarronice, nada de caretas para as câmeras, vemos apenas sobriedade, concentração e respeito ao adversário. Lyoto passa pelo portão de entrada e faz a clássica saudação ao árbitro e ao adversário, como mandam os bons costumes das artes marciais.

E o show atinge o ápice quando o árbitro autoriza o início do combate. A ininterrupta movimentação faz com que Lyoto Machida não seja um alvo fixo diante do adversário. A incrível agilidade faz com que ele atinja o oponente ao mesmo tempo em que gira e sai do raio de ação do adversário. O domínio da técnica permite que ele abuse de fintas, dificultando demais o sistema defensivo do cidadão que ousou o enfrentar. O treinamento sério, que o torna um lutador cada vez mais completo, ajuda-o a se virar em pé, no clinch ou no chão. Lyoto Machida é um artista.

Peguemos a luta de sábado, contra Thiago Silva, um lutador muito forte e bastante agressivo. Durante o combate Lyoto conseguiu conectar poderosos chutes, joelhadas e socos, abusando de fintas, que desestabilizaram o adversário e lhe deram dois knockdowns a favor. Dominou a luta no clinch, de onde conseguiu duas quedas. O terceiro knockdown foi o derradeiro e Thiago apagou. Nocaute clássico. Tudo isso em apenas 4:59min de luta. Trabalho quase completo em todas as áreas do MMA moderno.

Como disse o Antonio Oliveira, grande colaborador do site, Lyoto acabou a luta com a cara menos vermelha do que ele depois de se barbear pela manhã. Thiago simplesmente não o encontrou no ringue, como os demais que enfrentam o carateca. Virou estatística.

Tenho a impressão que Lyoto vai conquistar o título, vai defendê-lo por algumas vezes, até cansar e se aposentar invicto, enfileirando adversários que vão se juntar ao rol dos que o procuram no octógono e não o acham. E mesmo assim ainda veremos detratores dizendo que ele foge, que corre da luta. Eu só gostaria de entender como um cara que corre da luta consegue dois takedowns, três knockdowns e nocauteia o adversário em apenas um round. Quem souber me responder, por favor, caixinha de comentários!

Imaginar que um artista como Lyoto Machida corre o risco de encerrar a carreira ser reconhecido como um superstar é triste. Pelo menos serve de consolo saber que outros artistas do naipe de Vincent Van Gogh passaram pelo mesmo problema.

UFC 94 na imprensa brasileira


Não é só na imprensa especializada que saíram notícias sobre o UFC 94, disputado no sábado em Las Vegas. O jornal O Globo, através de seu site, fez uma importante cobertura do evento, com uma chamada na página inicial do site (foto acima), além de três reportagens, sobre o evento em si, quando deu maior importância para a vitória de Lyoto Machida, sobre a vitória de Thiago Tavares no undercard e sobre a entrada fanfarrônica do Akihiro Gono.

Mostrando que o esporte está crescendo no Brasil, o jornal inclusive enviou um jornalista para Las Vegas. Renato de Alexandrino viajou a convite do UFC para cobrir o evento para o jornal. É mais uma mostra que pelo menos as Organizações Globo estão tentando ajudar a popularizar o esporte no país.

Bola dentro!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

UFC 94: O Novo Número 1?

Dois shows individuais incríveis e uma grata revelação foram vistos ontem no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, pelo UFC 94. Na terceira luta do evento principal, o jovem Jon Jones, de apenas 21 anos, fez sua estréia num card principal do UFC contra Stephan Bonnar. No duelo dos brasileiros invictos, um show solo de Lyoto Machida contra Thiago Silva. E na luta principal, Georges St-Pierre dominou B.J. Penn de modo tão inconteste que certamente está fazendo com que pessoas repensem a questão do melhor pounf-for-pound do MMA mundial.

No undercard, o brasileiro Thiago Tavares se reencontrou com a vitória ao superar o duro Manny Gamburian e Jon Fitch passou por Akihiro Gono, ambos por decisão unânime dos juizes.

Jones vs Bonnar

Com apenas 21 anos e já world-class wrestler na greco-romana, Jones conseguiu uma belíssima vitória sobre o duro Bonnar. Com um arsenal incrível de takedowns, quedou o adversário como quis. Parecia que o experiente era ele. Além das belas quedas, mostrou ter talento no standup, com joelhadas e cotoveladas que minaram o experiente e raçudo Bonnar.

Se o garoto melhorar seu condicionamento atlético e a luta no chão (uma temporada no Brasil treinando jiu-jitsu seria excelente), certamente vai entrar para o rol dos lutadores aptos a tentar o cinturão na divisão mais dura do UFC, junto com Quinton Jackson, Forrest Griffin, Mauricio Shogun e outras feras.

Lyoto vs Thiago

Criticado por algumas pessoas, que não devem entender seu estilo de lutar, Lyoto ontem calou-os com uma vitória massacrante por nocaute clássico no primeiro round, em luta de apenas um lado, contra Thiago Silva. O resultado deixou Lyoto como o único invicto entre eles e apto a lutar pelo cinturão, hoje de posse de Rashad Evans (que estava presente ao evento e certamente saiu preocupado com seu futuro). A diferença entre os brasileiros é abissal.

Machida teve mais uma atuação como as anteriores. E isso é o suficiente para amealhar vitórias. Thiago Silva ontem virou estatística: entrou para o rol dos lutadores que tentam e não conseguem encontrar Lyoto no octógono. O estilo não-ortodoxo de luta, baseado no Karate Shotokan, deu (como sempre) a vantagem de não ser um alvo visível para Lyoto. Seu "Machidatê" incomoda os adversários e faz a alegria daqueles que gostam de um espetáculo baseado em inteligência e técnica. Perfeito na luta, Lyoto acertou a grande maioria dos golpes conectados e praticamente não foi atingido, por conta de seu estilo de bater e girar o tempo inteiro. Com fintas e bons chutes, manteve Thiago longe. Com um domínio total da luta no clinch, conseguiu dois takedowns. E para calar os que dizem que ele não tem pegada, o baiano radicado em Belém conseguiu dois knockdowns poderosos e fechou a luta com um nocaute clássico. Isso tudo em apenas um round. Triste fim para a marra de Thiago Silva, que falou que caçaria e bateria em Lyoto por quinze minutos. Não cumpriu nem em 10 segundos.

É bom Rashad realmente se preocupar. Melhor treinar no escuro, para ver se consegue enxergar melhor e acertar aquilo que não vê. Na divisão mais equilibrada e dificil do MMA mundial, Machida mostrou que vai tomar o cinturão e mantê-lo em Belém por um bom tempo. Quem vê apenas as lutas de Lyoto deve achar que é fácil ser lutador de MMA. O UFC devia lançar um livro estilo Wally: "Onde está Machida? Procure o paraense no octógono e ganhe um nocaute".

GSP vs Penn

É comum dizermos que um lutador "passou o carro" quando vence de modo incontestável. Ontem GSP passou o carro em Penn. O carro, a pickup, o caminhão, o trator e a escavadeira. O Rush deu um show incrível de técnica, preparo atlético e estratégia e venceu o Prodigy por nocaute técnico, no intervalo do quinto round. Se na primeira luta restou dúvidas sobre o resultado, ontem não ficou nenhuma.

Assim como na luta anterior do evento, o que vimos foi um monólogo estrelado por St-Pierre. O canadense não queria apenas vencer, queria dissipar quaisquer dúvidas que restaram sobre quem ganhou o primeiro confronto entre eles. GSP provou sua imensa superioridade saindo do octógono completamente ileso depois de quatro rounds. E vale ressaltar que Penn não é um lutador qualquer, é o rei dos leves. St-Pierre foi melhor em pé, conseguiu encaixar várias quedas, dominou a luta no chão, com um ground'n'pound afiadíssimo, passadas de guarda e tudo o que temos direito. Em todas as posições do MMA, GSP tinha uma carta na manga, para desestruturar qualquer plano de luta de B.J., que mostrava sua flexibilidade assombrosa, mas que não era páreo para conter um atleta muito superior. Apesar de ter tido várias oportunidades de finalização, GSP queria mesmo era provar que podia vencer B.J. do jeito que quisesse. Bateu tanto no havaiano, que apenas se defendia enquanto conseguia, que obrigou o médico a interromper a luta antes de começar o quinto round, em decisão acatada pelo staff de Penn. “Na última vez que lutei com ele, venci na decisão. Desta vez eu realmente queria derrubá-lo e estou feliz por ter conseguido. Ele é muito duro”, declarou o campeão dos meio-médios ao final da luta.

O canadense agora se prepara para enfrentar o brasileiro Thiago Alves na próxima luta. Pitbull entrou no octógono durante as entrevistas finais para confirmar o duelo. Ainda este ano, caso passe também por Pitbull (alguém duvida?), o UFC está pensando em escalar GSP contra Anderson Silva, numa sensacional disputa pelo cinturão dos médios (e talvez pela coroa de melhor pound-for-pound do mundo). Já estamos contando os minutos!

O evento motivou a antecipação do lançamento, durante a próxima semana, do MMA-Brasil.com Opinião, com um post inaugural especial sobre Machida e St-Pierre, O Artista e o Atleta. Aguardem para segunda e terça. Mas vá dizendo aqui na caixinha de comentários suas impressões sobre o UFC 94.