sábado, 14 de fevereiro de 2009

MMA versão 1.0

A perseguição política, que conseguiu proibir o UFC em 36 estados americanos, fazendo a audiência do pay-per-view despencar, forçou o evento a se remodelar. As Comissões Atléticas dos estados passaram a outorgar as lutas. O UFC 12, em fevereiro de 1997, viu a criação das categorias de peso. No UFC 14 as luvas passaram a ser obrigatórias e algumas regras foram banidas, como chutes em adversários caidos. O UFC 15 adicionou outras limitações na trocação, banindo golpes na parte de trás da cabeça, por exemplo. O UFC 21 implementou a divisão das lutas em rounds de 5 minutos. O UFC gradualmente foi se tornando mais esporte do que espetáculo, até que em 2000 fossem criadas as Regras Unificadas para o MMA. A fase de testes passaria à fase final pela primeira vez.
Em paralelo às mudanças no UFC, que sofria se escondendo em mercados menores nos EUA, como Iowa e Alabama, vivendo dias negros, do outro lado do mundo surgia um evento que viria a destronar o UFC em importância mundial. Rickson Gracie usou sua popularidade para alavancar o PRIDE Fighting Championship, evento inaugurado em outubro de 1997, uma semana antes do UFC 15. A principal diferença do evento japonês em relação ao americano era o local de disputa: no PRIDE as lutas ocorriam em ringues de 7x7m, como no boxe.

O PRIDE já nasceu grande. Os organizadores escalaram o ídolo local, Nobuhiko Takada, para enfrentar o lutador com status de semi-deus, Rickson Gracie. Mais de 47.000 pessoas viram no Tokyo Dome Rickson finalizar Takada com um arm-lock. O sucesso do evento atraiu a atenção da mídia de massa japonesa. O resultado foi que os grandes lutadores da época, como Mark Coleman (bicampeão nos UFC 10 e 11 e primeiro detentor do cinturão dos pesados do UFC), Mark Kerr (campeão do UFC 14) e Igor Vovchanchyn começaram a migrar para o PRIDE.

Coleman inclusive pode ser apontado como o exemplo da migração da versão beta do MMA para a versão 1.0. Com a invenção do ground and pound (técnica de derrubar o adversário no chão e bater) e inserção das defesas de quedas do wrestling (takedown defenses, como o sprawl), Coleman conseguiu neutralizar os lutadores de chão e começou a mostrar que seria necessário saber mais de um tipo de luta para vingar no MMA. O Mixed Martial Arts passou a denominar o esporte entre lutadores com conhecimentos em mais de uma técnica de luta. A derrota de Royce Gracie, exemplo da fase beta do MMA, para Matt Hughes, no UFC 60, é o combate que mostra a evolução do esporte de forma mais clara.

Enquanto o UFC passava por momentos difíceis, o PRIDE crescia. Incontáveis monstros do esporte passaram por lá: além de Coleman, Kerr e Vovchanchyn, Rodrigo "Minotauro" Nogueira, Wanderlei Silva, Anderson Silva, Mirko "Cro Cop" Filipovic, Mauricio "Shogun" Rua, Ricardo Arona, Takanori Gomi, Kazushi Sakuraba, Dan Henderson brilharam nos ringues japoneses. Além deles e de muitos outros, o PRIDE coroou aquele que é apontado por muitos como o maior lutador da história do MMA. Se Coleman foi o exemplo da migração, o russo Fedor Emelianenko pode ser considerado a grande estrela desta fase.

Mas o mundo está em constante evolução e o MMA segue o ritmo. Saber mais de um estilo de luta deixaria de ser suficiente. Não bastaria mais ter várias habilidades, seria preciso cada vez mais se tornar um atleta de verdade, num esporte que se tornaria um estilo próprio. Os eventos também precisariam se reinventar para se adequar aos novos tempos de multimercado, com fusões, parcerias, aquisições e falências. Não perca isso e muito mais na última parte deste especial, com o Especiais MMA-Brasil.com: MMA versão 2.0.

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