segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Voltas por cima no UFC 93

Depois dos nocautes decepcionantes de Wanderlei Silva e Rodrigo Minotauro no UFC 92, o torcedor brasileiro comemorou duas boas voltas por cima no sábado, no UFC 93. Pela divisão Middleweight, o representante da Brazilian Top Team, Rousimar Palhares, que vinha de derrota para Dan Henderson, venceu Jeremy Horn na decisão unânime. E Mauricio Rua nocauteou Mark Coleman no final do terceiro round, em luta válida pela Light Heavyweight. Na luta principal do card, também pela Light Heavy, Hendo venceu Rich Franklin, na decisão dividida.

Um detalhe muito interessante nesta edição foi a participação da torcida irlandesa presente à O2 Arena, em Dublin. Os 9.369 torcedores que lotaram o espaço pareciam torcedores de futebol, com gritos de guerra e muita vibração, mostrando como o MMA está crescendo na Europa.

Toquinho vs Horn

http://media.ufc.tv/i.cfc?method=get&w=550&cs=1&s=E7FD1DF9-1422-0E8C-9A74A71F8CE564E0.jpg

Muito diferente da última luta, quando aparentava estar mais pesado e travado, Toquinho entrou no octógono no sábado mostrando estar mais bem preparado. Seco, forte e bem solto na luta, o brasileiro tomou a iniciativa do combate desde o início. Com muita facilidade conseguiu quedar o adversário algumas vezes, trabalhou bem o ground'n'pound e dominou amplamente o primeiro round. Por duas vezes teve a oportunidade de encaixar uma guilhotina e encerrar a luta, mas não aproveitou as chances.

O GnP do round inicial acabou custando caro, pois Toquinho quebrou a mão direita. O acidente fez com que ele diminuisse o ritmo a partir do segundo round, o que deixou o combate diferente. Horn, lutador muito experiente, deu então um susto no brasileiro e quase o pegou numa finalização (katagatame), mas Toquinho conseguiu escapar. Refeito do susto, o brasileiro voltou a dominar as ações.

No terceiro round o brasileiro procurou manter a vantagem, poupando a mão machucada e acabou vencendo na decisão unânime. Os três juizes deram 30-27 para o lutador brasileiro.

Apesar da contusão, o saldo foi positivo. Toquinho ainda precisa melhorar seu jogo em pé, mas já apresentou evolução em relação à luta anterior e mostrou estar de volta ao caminho certo.

Shogun vs Coleman


A luta, que estava envolvida em polêmica, transcorreu com tranquilidade. Apesar dos 44 anos, o Hammer estava em aparente boa forma física. Shogun, 17 anos mais jovem, também aparentava estar mais bem condicionado do que na derrota para Forrest Griffin, em setembro de 2007, em sua última luta. Mas, neste ponto, só ficaram na aparência.

Como era esperado, Shogun tomou a iniciativa do combate, lançando mão do seu afiadíssimo Muay Thai, com socos, chutes e joelhadas que lembravam o lutador agressivo dos tempos de PRIDE. Coleman tentava achar uma brecha para aplicar um takedown e usar sua principal arma, o ground'n'pound. Shogun castigou o americano, principalmente com chutes baixos e joelhadas, conseguiu um knockdown e dominou o round inicial.

Tentando aproveitar que Coleman acabou o round anterior em más condições, Shogun partiu para decidir a parada no segundo assalto. Hammer novamente conseguiu sobreviver aos ataques de socos, joelhadas e chutes do brasileiro e ainda conseguiu um takedown. A volúpia de Shogun custou caro para ambos: a luta caiu de rendimento, quando os dois lutadores sentiram o longo tempo de inatividade. Coleman, que não lutava desde a derrota para Fedor, em 2006, ainda sentiu o peso da idade e permanecia em pé apenas na base da vontade.

No round final, Coleman tentou usar o GnP no desespero, causando problemas para Shogun. Em um determinado momento, o brasileiro entrou com uma joelhada no peito de Coleman, quando o americano estava com os joelhos na lona. O golpe deve ter assustado o árbitro Kevin Mulhall, que entendeu que o golpe atingiu o rosto do americano, o que não é permitido pelas regras do UFC. A manobra acabou custando um ponto ao brasileiro. Uma sequência de jabs e um upper, que atingiu em cheio o queixo de Coleman, mandou o americano para a lona, em péssimas condições. Shogun partiu para o nocaute, mas o árbitro interrompeu a luta a menos de meio minuto para o final, decretando nocaute técnico e preservando a integridade do Hammer.

Apesar da vitória inconteste, fiquei um pouco assustado com o condicionamento físico de Shogun. Sentir falta de ritmo de luta, com um ano e meio longe do octógono por conta de duas cirurgias no joelho, é normal. Mas isso é diferente de sentir o condicionamento físico, de faltar gás. O brasileiro não pode se dar ao luxo de entrar assim na divisão mais acirrada do UFC atual. Mas o nível técnico do brasileiro e seu histórico o credenciam para disputar o cinturão em, no máximo, três lutas. Shogun está de volta e certamente todos os adversários da divisão estarão preocupados de agora em diante. Na entrevista após a luta, o presidente do UFC declarou que Shogun volta ao octógono em 18 de abril, para enfrentar Chuck Liddell no UFC 97, em Montreal, Canadá.

Hendo vs Franklin



Minha expectativa para esta luta era menor em relação às anteriores, mas Hendo e Ace fizeram uma luta bastante movimentada, o melhor combate do evento.

Com seu estilo 100% Team Quest, Hendo tentou dominar o adversário, que é mais completo. O veterano campeão do PRIDE, de 38 anos, começou melhor e dominou o round inicial. Uma cabeçada acidental no fim do segundo round abriu um profundo corte no supercílio de Franklin. Mas o Ace, ex-campeão dos médios do UFC, igualou as ações a partir do segundo e equilibrou a luta. Com maior movimentação no octógono, Hendo dificultou bastante o trabalho de Franklin.

No último round, Franklin tentou decidir a luta, pois sabia que estava perdendo por pontos, mas Hendo conseguiu outro takedown e trabalhou bem o GnP. Franklin conseguiu ficar de pé novamente e partiu para outra ofensiva, levando o público ao delírio. No minuto final, Hendo enfiou o dedo no olho de Franklin. Pareceu acidental, mas como sei que o jogo sujo é uma das características de Dan, não duvido que a manobra tenha sido proposital, até mesmo por ter avançado com o dedo esticado, em vez de estar com os punhos cerrados. Depois da paralização, Franklin voltou ao combate com o olho bastante danificado, tentando apenas terminar a luta.

Na contagem dos juizes, dois deram 29-28 para Hendo, enquanto um deu 30-27 para Franklin. A vitória deu a Hendo a vaga de técnico para a próxima edição do reality show The Ultimate Fighter, onde vai enfrentar a equipe dirigida pelo britânico Michael Bisping.

Nenhum comentário: