sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Round Zero (I): Porque Fedor sairá vencedor

Por Alexandre Matos

Escrever um texto para defender a posição de que Fedor Emelianenko vencerá uma luta de MMA parece ser uma das tarefas mais fáceis. Detentor do cinturão dos pesados da WAMMA, último campeão da divisão no PRIDE e invicto* na carreira profissional, Fedor é daqueles fenômenos que aparecem vez ou outra nos esportes. Se citarmos que ele venceu lutadores do porte de Ricardo Arona, Renato Babalu, Semmy Schilt, Rodrigo Minotauro, Mark Coleman, Kevin Randleman e Mirko Cro Cop, seus feitos ganham ainda maior notoriedade. O Last Emperor é o maior nome do mundo do MMA, feito inclusive confirmado pela liderança dele na enquete aqui do MMA-Brasil.com.

Mas histórico e cartel não garantem vitória de véspera para ninguém, nem para ele, certo? O pensamento de saber que Fedor tende a ganhar sempre vem da preparação do atleta, física, técnica e psicológica, de como ele se comporta dentro e fora dos ringues.

Ex-integrante do Exército Russo, Fedor tem um preparo físico monstruoso, apesar da aparência um tanto gordinha e da cara de padeiro. Seus singulares treinos, sempre na Red Devil Sports Club, na Rússia, criaram um lutador com explosão suficiente para implodir um gigante como Tim Sylvia em meio minuto de luta, mas que tambem aguenta batalhas duríssimas, sem apresentar quedas bruscas de rendimento, em maratonas como as travadas contra Minotauro e Cro Cop. Quem conhece o mínimo de preparação física sabe o quanto é difícil mesclar estas características num mesmo atleta.

Tetracampeão da World Combat Sambo Championship e medalhista nacional russo de Judô, o estilo do campeão é eclético. Apesar de preferir as finalizações, não foge da trocação. A batalha contra Cro Cop se deu praticamente toda em pé, quando o croata estava em seu auge o que definitivamente não é pouca coisa. De pé, Fedor apresenta uma ferocidade incrível ao lançar seus golpes, quase na totalidade com destino certo, o que torna complicadíssimo para lutadores de MMA, que na maioria não são exemplos de sistema defensivo de boxe, segurar o ímpeto do russo e mantê-lo longe. Ele tem a velocidade de um meio-médio e a potência de um pesado. E no chão, onde ele se sente em casa, é onde pode demonstrar seu vasto repertório de kimuras, arm-locks, mata-leões, guilhotinas e etc.. Sem contar que impõe verdadeiro terror ao adversário quando imprime seu ground'n'pound, o mais temido da atualidade.

Tantos predicados técnicos e físicos que Fedor poderia ter o lado psicológico desequilibrado, como Andrei Arlovski, que mesmo assim seria um lutador extraordinário. Mas o russo, além de tudo, ainda é um atleta tranquilo, focado exclusivamente em sua profissão. Nunca é visto em polêmicas, está sempre bem condicionado, sabe das suas potencialidades para usá-las e conhece suas fraquezas, para escondê-las. Com o passar do tempo, o acúmulo de vitórias foi dando segurança ao lutador, que conseguiu deixar o passado de nervosismo para trás. Hoje Fedor é uma pedra de gelo, o típico cara que fala pouco e faz muito.

Depois de ler tudo isso, você deve estar pensando: "O Fedor não é humano". Não fique preocupado se achou isso. Tim Sylvia falou o mesmo depois de ser atropelado por ele na primeira edição do Affliction. Mas Fedor é sim humano e tem fraquezas. Uma delas foi exposta pelo japonês Kazuyuki Fujita, no PRIDE 26, quando um cruzado aproveitou a guarda baixa e quase mandou Fedor para a vala. E já sabemos que Arlovski vai tentar usar este artifício amanhã. Entre tentar e conseguir vai uma diferença.

O garoto fraco fisicamente, sem talento para a luta no chão, mas com muita perseverança e vontade, que começou a treinar sambô e judô aos 10 anos, tornou-se o mito que vemos hoje. Manteve a perseverança e vontade iniciais, adicionou muita competência física e técnica, força descomunal e preparação psicológica ímpar. Por isso tudo acho que Fedor vai vencer Arlovski. E vai vencer a luta posterior. E a próxima. E a outra depois também.

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* O cartel profissional oficial de Fedor indica que ele perdeu uma luta, em 22/12/2000, contra o japonês Tsuyoshi Kohsaka, no RINGS. Quem viu a luta sabe que o árbitro deveria ter indicado No Contest. Veja aqui a luta e diga o que você acha.

Um comentário:

Antonio disse...

Só tenho uma coisa a dizer: Fedor é monstro e não perdoa!