terça-feira, 10 de março de 2009

MMA versão 3.0: o futuro

Como informado no último post Notas da Semana, o leve japonês Shinya Aoki presenciou uma situação ridícula em sua luta, protagonizado pelo adversário. Aoki, que não tem nada com isso, aproveitou a deixa para finalizar o combate, como é de costume. Em outro Notas, informamos que os empresários que cuidam da carreira de Fedor Emelianenko estão tentando negociar com Dana White uma luta entre o russo e Brock Lesnar, campeão dos pesados do UFC. E qual a interseção destes fatos tão díspares no processo de evolução do MMA?

Já mostramos nos três posts anteriores desta série (que começa aqui) que os lutadores evoluiram técnica e fisicamente, os eventos cresceram, as transmissões passaram para canais concorrentes e o público interessado aumenta a cada dia. Com mais público, mais transmissões e mais atletas de alto nível, ídolos nascem a todo instante. Com eventos concorrentes, a chance destes ídolos se enfrentarem infelizmente é menor.

Shinya Aoki é o melhor leve do mundo na atualidade, na opinião unânime da equipe do MMA-Brasil.com. Então a pergunta até certo ponto óbvia é: por que Aoki precisa lutar contra cidadãos como David Garner, enquanto existem por aí adversários do porte de BJ Penn, Takanori Gomi, Mike Brown, Gesias Cavalcante, Tatsuya Kawajiri, Urijah Faber, Eddie Alvarez e Miguel Torres? Como alguns eventos de grande porte, como o UFC e o Affliction, não possuem divisões abaixo da leve, alguns deles teriam que subir de peso para competir em 155 libras (70kg), o que certamente não seria problema diante das imensas possibilidades esportivas e econômicas que lutas deste porte trariam.

No sistema atual, um lutador - pelo menos os melhores - tem contrato com um evento e só fazem luta neste, enquanto o contrato vigorar. O duelo Fedor x Lesnar seria o abre-alas para um verdadeiro show de confrontos que os fãs de MMA podem e certamente querem ver. E a divisão mais beneficiada será a dos leves.

E como os eventos ficariam? Eles não precisam acabar. O esporte continuará precisando de oportunidades para prospectos se tornarem realidade. Além disso, sempre será interessante ver lutas por cinturões dos eventos. E, numa escala acima, chegaríamos no ápice ao ver os campeões se enfrentando, em acordos entre os eventos e promotores, para sabermos quem de fato é o campeão mundial. O UFC promove as lutas de BJ Penn (e de qualquer outro detentor de cinturão de outras divisões) como Lightweight Championship of the World, ou seja, Campeonato Mundial de Peso Leve. Como o UFC pode promover lutas assim denominadas se não tem entre seus contratados Aoki, Gomi, Kawajiri ou JZ?

Imaginem um confronto, que hoje é apenas hipotético: o campeão dos leves do UFC, o americano BJ Penn, enfrentando o campeão dos leves do DREAM, o japonês Shinya Aoki, numa melhor de três lutas, a primeira em Las Vegas (EUA), a segunda em Saitama (Japão) e a terceira, se precisar desempatar, num território neutro em expansão, como na Europa. O vencedor deste duelo poderia se auto-proclamar Campeão Mundial sem melindrar ninguém, enquanto seu evento de origem poderia promover lutas internas dele chamando de campeonato mundial. E após este confronto de titãs, o Sengoku certamente teria interesse em enviar Gomi para enfrentar o vencedor, que depois poderia lutar contra Faber, Brown, Torres, Alvarez... As possibilidades são muitas e todos ganham, principalmente o esporte (e o público).

Você não gostaria de saber quem é o melhor médio do mundo, entre Anderson Silva, Robbie Lawler, Paulão Filho, Vitor Belfort e Gegard Mousasi? Ou se Rogério Minotouro teria condições de aumentar ainda mais a encrenca entre os meio-pesados? E se o gigante Brock Lesnar seria páreo para Fedor Emelianenko entre os pesados? Eu também gostaria de ter estas respostas.

2 comentários:

Antonio disse...

O MMA é um esporte que não tem federações, confederações... E nisso se diferencia, pois em termos organizacionais é metade esporte e metade um evento de entretenimento.

Como essas empresas que produzem esses eventos podem se unir em prol do aspecto esportivo é uma pergunta que ainda precisa ser respondida na prática.

Porém, até que isso aconteça eu creio que nunca veremos o MMA ser tão grande e aceito como outros esportes em que os melhores atletas do mundo podem se enfrentar.

Alexandre Matos disse...

Antonio,

No boxe existe a mesma questão. Tem lutadores campeões do Conselho Mundial que fazem parte da Golden Boy Promotions, tem outros campeões da Federação Internacional, contratados pela Top Rank.

As empresas determinam com quem os caras lutam, mas não impede de formarem eventos em conjunto para os caras se enfrentarem, em acontecimentos que todos ganham.

O exemplo mais recente foi a luta entre o Manny Pacquiao e Oscar de la Hoya.

O MMA tem que seguir o mesmo exemplo. Senta o Dana White com o Tom Atencio e outros para pensar a respeito.