O boxe mostra que é possível

É normal ouvirmos por aí que o "boxe está morrendo", que a "perdeu a credibilidade". Eu mesmo já me peguei falando coisas assim, pois muito já aconteceu para descredibilizar o esporte que era considerado a nata dos esportes de combate em tempos pré-MMA, não por acaso chamada de Nobre Arte. Mas, ainda hoje, de vez em quando o boxe mostra algumas soluções que podem ser aproveitadas pelo MMA.

No dia 2 de maio o britânico Ricky Hatton vai enfrentar o filipino Manny Pacquiao pelo cinturão dos superleves (light welterweight, 140lbs/63,5kg), naquela que está sendo chamada de mais uma "Luta do Ano", desta vez com todo merecimento. Especula-se que o vencedor desta luta enfrente Floyd Mayweather Jr., na volta do gênio aos ringues.

Mas para que estes combates sensacionais aconteçam, foi necessário um acordo entre promotores. Hatton é contratado da Golden Boy Promotions e Pacquiao defende a Top Rank Boxing, que também tinha Mayweather como contratado. Para viabilizar a luta, Oscar de la Hoya, dono da Golden Boy, depois de muita briga, fez um contrato de compartilhamento de direitos de Pacquiao com a Top Rank. O negócio é tão complicado que a Golden Boy promove lutas em parceria com o canal HBO, enquanto a Top Rank faz o mesmo com a ESPN. E nada disso impediu que as grandes estrelas subam ao ringue para se enfrentar e decidir quem é o verdadeiro rei, para delírio dos torcedores (só não me perguntem quem vai transmitir o combate).

Pacquiao vs Hatton não será o primeiro confronto em conjunto da Golden Boy com a Top Rank. Tudo começou em outubro de 2007, na luta Manny Pacquiao vs Marco Antonio Barrera 2, seguiu com Miguel Cotto vs Shane Mosley em novembro, Pacquiao vs Juan Manuel Marquez 2 em março de 2008, Bernard Hopkins vs Kelly Pavlik em novembro, o próprio De La Hoya contra Pacquiao em dezembro, terminando com Mosley vs Antonio Margarito em janeiro de 2009. Todas lutas envolvendo grandes estrelas do boxe mundial, sempre valendo cinturão(ões).

Para os fãs de MMA que não acompanham tanto a nobre arte entenderem melhor, Pacquiao está para o boxe atual assim como Fedor Emelianenko está para o MMA, a grande estrela do esporte peso por peso. Seguindo esta analogia, Hatton seria o Brock Lesnar do boxe, grande estrela de outra empresa, também detentor de cinturão e também ídolo de muitos torcedores, que atrai muita mídia.

Se Oscar de la Hoya e Bob Arum deixaram o orgulho de lado e sentaram para promover em conjunto uma luta deste porte (onde todos, principalmente De La Hoya e Arum, ganham), por que não Dana White e Tom Atencio podem fazer o mesmo no MMA?